Descrição de chapéu Emmy

O que maratonar depois do fim de 'Succession', 'Barry', 'Ted Lasso' e 'A Maravilhosa Sra. Maisel'

Veja dicas do streaming para preencher as lacunas de séries que acabam neste mês

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São Paulo

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Devido ao calendário dos Emmys, o "Oscar da televisão", muitas séries e minisséries devem encerrar suas temporadas até o dia 31 de maio, data limite para que os episódios sejam considerados para a premiação deste ano, que acontece em setembro.

Em meio a tantos finais de temporada, ao menos quatro grandes séries chegam ao fim entre esta sexta (26) e quarta-feira que vem (31): "A Maravilhosa Sra. Maisel" , "Succession", "Barry" e "Ted Lasso" (provavelmente. Várias pessoas envolvidas na produção de "Ted Lasso" dizem que a série chega ao fim agora, mas não houve anúncio oficial ainda).

Para ajudar a amortecer essas perdas, escolhemos shows que podem, de maneiras diferentes, preencher esse buraco no seu coraçãozinho de fã.

Se não conseguir superar "Succession", veja…

Cena da quarta temporada de 'Succession', série da HBO - Divulgação/HBO

…"Industry"

Se o apelo de "Succession" para você está na disputa feroz entre os irmãos Roy pelo cargo mais alto na Waystar Royco e nas trocas constantes de traições e alianças, "Industry" pode ser o sucessor certo. Enquanto nem todo mundo gostou da primeira temporada, a segunda parece ter angariado mais opiniões positivas da crítica —para a Vanity Fair, o seriado é o elo perdido entre "Euphoria" e "Succession".

Coprodução da HBO e da BBC Two, a série acompanha uma turma de recém-formados tentando se firmar num banco de investimentos em Londres, o ficcional Pierpont & Co, sabendo que em seis meses apenas metade deles terá sido bem-sucedida. À frente do grupo está Harper (Myha'la Herrold), uma americana com um segredo que encontra apoio em seu chefe, Eric (Ken Leung, de "Lost").

Os diálogos são cheios de jargões do mercado financeiro impenetráveis para o mero mortal, mas compreensíveis o bastante para dar peso à paranoia e ansiedade dos trainees e de seus superiores na empresa, cujas vidas podem mudar com um mínimo escorregão. Para lidar com tanta pressão, recorrem a drogas, álcool e sexo, é claro.

Disponível na HBOMax. Duas temporadas, 16 episódios. Uma terceira temporada está em produção.

…"Peep Show"

Antes, muito antes de "Succession", Jesse Armstrong cocriou "Peep Show", um veículo para a dupla de comediantes ingleses David Mitchell e Robert Webb, em que o espectador acompanha as vidas de Mark (Mitchell) e Jez (Webb) literalmente de seus pontos de vista —a câmera imita o olhar de cada personagem e a narração em primeira pessoa coloca a audiência dentro da cabeça desses dois amigos e roommates de personalidades opostas.

Mark, gerente de empréstimos em um banco, é sério e responsável, mas também tímido, desajeitado e pouco sociável. Jez (apelido de Jeremy), seu melhor amigo de faculdade, é um aspirante a músico hiperconfiante em seu próprio carisma e talento e também um grande folgado. Várias das temporadas têm ainda a ganhadora do Oscar Olivia Colman como Sophie, colega de trabalho e interesse amoroso de Mark.

Ao longo das nove temporadas (um ponto fora da curva na televisão inglesa), os dois amigos vão dos 20 e tantos aos 40 e poucos anos e mudam e aprendem muito pouco, sem superar piores os impulsos que temos dentro de nós como humanos cheios de defeitos. O uso da narração é crucial para isso —estamos sempre ouvindo o que ninguém diria em voz alta, um eterno "mamãe defunta, acaba o seminário". Uma bela escola para o homem que um dia criaria Roman Roy.

Oito das nove temporadas, 48 episódios, estão disponíveis no PlutoTV, com anúncios.


Se não conseguir superar "A Maravilhosa Sra. Maisel", veja…

Cena da série "A Maravilhosa Sra. Maisel" - Divulgação

…"Uma Equipe Muito Especial"

Um dos maiores atrativos de "Maisel" é a atenção aos detalhes na direção de arte e nos figurinos, fidelíssimos ao visual do final dos anos 1950 e início dos 60 (e além, na temporada mais recente). "Equipe" também é bem-sucedida nesse aspecto, ainda que se passe na primeira metade dos anos 40 e não tenha o orçamento miliardário que o nome Amy Sherman-Palladino, criadora de Midge Maisel, garante.

Gestado por anos por Will Graham e Abbi Jacobson, o seriado se apropria, adapta e expande o universo do filme de mesmo nome, de 1992, estrelado por Geena Davis, Lori Petty e Tom Hanks.

Trata-se da história da All-American Girls Professional Baseball League, uma liga de beisebol feminino que de fato existiu nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.

A série adota dois pontos de vista principais: o de Carson Shaw (Jacobson) —uma dona de casa branca que foge de Idaho enquanto o marido está na guerra para participar da peneira da liga em Chicago—, e o de Maxine (Chanté Adams), uma jovem negra de Rockford, Illinois, com um braço de ouro e o sonho de jogar beisebol profissionalmente. A segregação racial vigente impede que Max se junte às Rockford Peaches de Carson, mas seus caminhos se cruzam em alguns momentos e as duas se tornam aliadas inesperadas.

Além de tratar da questão racial, a série também investe pesado nas histórias LGBTQIA+ das jogadoras, inspirada também em fatos reais.

Disponível no Prime Video. Uma temporada, dez episódios. Uma segunda e última temporada de quatro episódios já foi confirmada.

"Hacks"

Pode-se imaginar que, se estivessem as duas séries num mesmo universo, Midge Maisel seria uma precursora de Deborah Vance, a comediante desbocada de Jean Smart em "Hacks". Como Maisel, Vance é inspirada nas primeiras mulheres a tomar os palcos com um microfone na mão e todo tipo de piada sobre suas vidas, seus maridos (e ex-maridos) e as agruras de ser mulher, como fizeram Joan Rivers, Elaine May, Phyllis Diller e Jean Carroll.

Mas "Hacks", diferentemente de "Maisel", não é uma história de ascensão, mas de renascimento. Acomodada há décadas com seu show permanente em um cassino em Las Vegas, Vance despencou do zeitgeist e vê seu lugar ameaçado por atrações mais rentáveis. Para tentar dar um "up" em seu material, seu agente lhe envia uma assistente, Ava (Hannah Einbinder), jovem roteirista e aspirante a comediante que recentemente foi "cancelada" por causa de um tuíte.

O choque de gerações gera embates, mas também engendra respeito mútuo e, juntas, Deborah e Ava ressuscitam suas carreiras.

Disponível na HBOMax. Duas temporadas, 18 episódios. A produção da terceira temporada foi interrompida pela greve dos roteiristas.


Se não conseguir superar "Barry", veja…

Bill Hader na série "Barry". Um homem branco se prepara para usar uma arma de grosso calibre. ele Veste camiseta e boné pretos.
Bill Hader na série "Barry" - Divulgação

"O Urso"

É difícil equiparar qualquer coisa à estranha intensidade de "Barry", mas "O Urso" pode ser um bom substituto se você procura algo que vá te deixar na pontinha do assento, cravando as unhas nos braços da poltrona.

Nessa série do Star+, Carmy (Jeremy Allen White) herda inesperadamente uma lanchonete dilapidada do irmão, em Chicago. Jovem chef renomado, ele retorna à terra natal para tentar recuperar a loja, chamada The Beef e conhecida por um sanduíche de carne, agora usando de seus conhecimentos e qualificações.

Jeremy Allen White e o elenco da série 'O Urso', exibida no Brasil na plataforma Star+
Jeremy Allen White e o elenco da série 'O Urso', exibida no Brasil na plataforma Star+ - Divulgação

O que ele encontra, no entanto, é uma equipe acomodada com o jeito que as coisas sempre foram feitas, e o atrito entre o que Carmy traz de novo —apoiado por Sidney (Ayo Edebiri), recém-contratada— e a força das tradições e amarras impostas pelo passado, personificadas em Richie (Ebon Moss-Bachrach), gera faíscas e chamas que ameaçam engolir a operação toda.

Disponível no Star+. Uma temporada, oito episódios. A segunda temporada estreia nos EUA em breve, mas não tem data no Brasil.

"Atlanta"

Há críticos e acadêmicos de televisão que não gostam que se elogie séries dizendo que elas são "cinematográficas", ou que têm qualidade de cinema, uma vez que TV é uma arte própria e separada do que acontece nas telonas. O argumento se complica quando o assunto são estas duas séries, "Barry" e "Atlanta", dois exemplos de vozes autorais extraordinárias e visões independentes. Ambas as séries são, à sua maneira, criativas, inovadoras e surpreendentes.

Produto da mente de Donald Glover ("Community", "Solo") e do diretor Hiro Murai ("Station Eleven"), "Atlanta" acompanha Earn (Glover) um jovem de potencial não realizado, que volta para casa depois de largar a universidade, sem dinheiro e com uma filha e uma ex. Sua aposta é se tornar agente de Paper Boi, seu primo rapper e traficante local. Mas a série pouco se dedica a uma narrativa linear, indo e vindo da história da ascensão dos primos no mundo do hip-hop e entremeando-a com causos desconexos e aventurosos em forma e conteúdo.

As três primeiras temporadas estão na Netflix, 31 episódios. As duas primeiras estão também na Star+. A quarta temporada não chegou ao Brasil ainda.


Se não conseguir superar "Ted Lasso", veja…

Cena da terceira temporada de "Ted Lasso" - Divulgação

…"Reservation Dogs"

Esta série criada por Sterling Harjo e coproduzida por Taika Waititi se presta bem a ocupar o lugar de "Ted Lasso" por ser calorosa, engraçada e cheia de empatia com as dores de seus protagonistas.

Os "dogs" do título são quatro amigos: Bear (D’Pharaoh Woon-A-Tai), Elora Danan (Devery Jacobs), Cheese (Lane Factor) e Willie Jack (Paulina Alexis), adolescentes indígenas que vivem em uma reserva em Oklahoma. O grupo faz de tudo para juntar dinheiro para ir ver o mar na Califórnia, sonho do amigo Daniel (Dalton Cramer), que cometeu suicídio há alguns meses.

Nos poucos episódios de cada temporada, a série consegue dar espaço ao humor de seus personagens, muitas vezes carregado de referências pop —mas às vezes também bobo e divertido ("Como diriam os alemães, au revoir", diz Cheese logo no piloto)—, e também à riqueza emocional desses jovens e dos adultos que os cercam.

E o mais legal: todas as histórias são contadas com a especificidade da visão indígena (quase todo o elenco e a equipe atrás das câmeras é nativo americano, das Primeiras Nações do Canadá, ou de povos originários de outros países), mas sem solenidades. Bear, por exemplo, recebe orientação do espírito de um antepassado que esteve na famosa última batalha de Custer, mas que morreu antes da briga mesmo, porque o cavalo pisou num buraco e o atirou para longe.

Dica bônus: chegue ao nono episódio da segunda temporada e assista a um show de Lily Gladstone, uma das estrelas do próximo filme de Martin Scorsese, que estreou em Cannes na semana passada.

Disponível na Star+. Duas temporadas, 18 episódios. A série já tem terceira temporada garantida.

…"How To With John Wilson"

"Seja curioso", diz Ted Lasso. Que tal então uma série documental que explora questões tão díspares quanto como escolher uma capa para o sofá, descartar pilhas ou ser espontâneo?

Munido de uma câmera, um sistema de catalogação impecável e uma disposição sem igual para filmar todos os momentos de sua vida, mesmo os mais constrangedores, John Wilson persegue questões tão simples (ou complicadas) quanto essas até seus limites mais inesperados. É assim que ele vai parar em um grupo de apoio de fãs do filme "Avatar" (antes da estreia da sequência), em uma convenção de árbitros esportivos cheia de discórdia e numa conferência sobre o "efeito Mandela" em Idaho.

Wilson não é só curioso, mas também profundamente empático, e os episódios por vezes escondem pancadas emocionais surpreendentes.

Disponível na HBOMax. Duas temporadas, 12 episódios. Já foi renovada para uma terceira leva.


O QUE ESTÁ CHEGANDO

As novidades nas principais plataformas de streaming

"De Humani Corporis Fabrica"

Documentário franco-suíço feito para os estômagos mais resistentes, entra com os instrumentos cirúrgicos de médicos de hospitais parisienses pelas cavidades e mistérios do corpo humano.

Disponível na Mubi. 115 min.

"Amor Platônico"

Rose Byrne e Seth Rogen estão juntos mais uma vez (depois dos filmes "Vizinhos" e "Vizinhos 2") como dois milennials perto dos 40 anos que reatam a amizade da juventude depois do divórcio dele, o que desestabiliza a vida que ela construiu e achava que queria.

Na AppleTV+. Uma temporada, dez episódios. Os três primeiros já estão disponíveis, os demais estreiam semanalmente às quartas.

"I Think You Should Leave With Tim Robinson"

Chega à terceira temporada a série de "sketch comedy" mais nonsense disponível no streaming. A cada episódio de apenas 15 minutos, personagens de Tim Robinson e seu elenco de comediantes vivem situações cada vez mais extremas, encurralados pelo constrangimento.

A partir do dia 30, na Netflix, com seis episódios. As temporadas anteriores também estão disponíveis no streamer.


VEJA ANTES QUE SEJA TARDE

Uma dica de filme ou série que sairá em breve das plataformas de streaming

"Visages, Villages"

Aproveite que na próxima terça, dia 30, completam quatro anos da morte de Agnes Vardà e assista a seu penúltimo trabalho, em parceria com o artista plástico JR, que deixa a Mubi no fim do mês.

Disponível na Mubi até 31.mai, 93 min.

"Na Mira do Chefe"

Filme que uniu Colin Farrell, Brendan Gleason e o roteirista e diretor Martin McDonagh (que se reuniriam em "As Banshees de Inisherin") deixa a HBOMax no fim do mês.

Disponível na HBOMax até o dia 31.mai, 106 min.

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