Executivos contam como foi a chegada da TV em cores em suas vidas

Copa do Mundo de 74 foi o gatilho para a compra do aparelho, símbolo de status para a época

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São Paulo

Recepcionar as visitas nos anos 70 com uma TV na sala era algo dava que indícios do status social da família à época. Se ela transmitisse um programa "ao vivo e a cores", então, era sinal de que os donos da casa iam muito bem financeiramente, ao ter acesso a uma tecnologia disponível a poucos.

Alguns executivos e empresários ouvidos pela Folha relembram o momento em que a respectiva família adquiriu a TV em cores, que neste ano completa 50 anos no Brasil. Em parte dos casos, o gatilho foi a Copa do Mundo de 1974, que viria na sequência ao lançamento. A transmissão do evento deixou todos extasiados —já o resultado, nem tanto.

Cláudio Galeazzi
sócio fundador da Galeazzi & Associados e conselheiro do BTG Pactual

"Quando eu tinha por volta de 12 anos, nós morávamos no Alto de Pinheiros. Já tínhamos uma TV em preto e branco e todo o mundo vinha ver a programação em casa. Lembro a minha mãe assistindo a "Alô, Doçura!", com John Hebert e Eva Wilma. Mas, quando chegou a TV colorida, foi uma grande novidade! Eu já estava casado, com dois filhos, e me lembro de assistir ao primeiro jogo de futebol em cores. Uma experiência única! Também me lembro de terem transmitido o filme "Casablanca" em cores e muita gente reclamou. Até que um crítico no jornal chamou todo o mundo de "burro" e disse que bastava desligar a função cor no botão de ajustes [risos]. Hoje, gosto de assistir à CNN e à Bloomberg, além do National Geographic."

Homem de cabelo castanho, um pouco grisalho, usa terno e camisa azul
Claudio Galeazzi, 81, sócio fundador da Galeazzi & Associados e conselheiro do BTG Pactual - Bruno Poletti/Folhapress

Fábio Barbosa
Presidente da Fundação Itaú para Educação e Cultura e membro do Conselho da Fundação das Nações Unidas

"Eu já tinha 20 anos quando a TV em cores chegou. Ela foi comprada especialmente para assistir à Copa do Mundo de 1974, foi uma festa em casa! Os vizinhos e os amigos chegaram para assistir junto. Pena que o campeonato deixou a desejar, o Brasil foi eliminado pela Holanda, a "Laranja Mecânica", e ficou em quarto lugar. Havia uma grande expectativa, porque a Copa de 1970, no México, havia sido espetacular, com o Brasil campeão. Minha família sempre foi muito ligada em futebol e é ao que eu continuo assistindo hoje na TV, com destaque para os jogos do Santos, além do noticiário. A diferença é que a tela hoje é gigante!"

Homem grisalho, de óculos de aro preto, usa uma camisa branca e sorri, encostado a uma parede espelhada
Fabio Barbosa, 67, presidente da Fundação Itaú para Educação e Cultura e membro do Conselho da Fundação das Nações Unidas - Adriano Vizoni/Folhapress

Liliana Aufiero
Presidente da Lupo

"Eu era criança e morava em Araraquara (SP) quando surgiu a TV. Ficava ansiosa em vir para São Paulo, na casa da minha tia, para assistir ao "Sítio do Picapau Amarelo", que era transmitido só na capital. Eu amava! Sempre fui noveleira e me lembro de assistir à atriz e apresentadora Vida Alves na hora do almoço. Mais tarde, adulta, já morando em São Paulo, ganhei da minha mãe uma "máscara negra", uma TV portátil da General Electric, mas ainda em preto e branco. Foi só quando fui morar com uma prima que compramos uma TV em cores. A novela ficou muito mais bonita! Adorava assistir a "O Bem-Amado". Nos anos 1980, comprei um aparelho para gravar novelas em fitas, para não ficar tão amarrada a horários. Foi um "streaming" próprio [risos]. Hoje já não sou noveleira e assisto a algumas coisas no Netflix."

mulher de cabelos curtos castanhos usa blusa vermelha e  posa com braços cruzados sobre uma mesa
Liliana Aufiero, 76, presidente da Lupo - divulgação

Silvio Stagni
Presidente da Allied Tecnologia

"Meu pai era italiano e ficou indignado com a vitória do Brasil sobre a Itália na Copa de 1970, no México. Quando chegou a Copa de 74, ele fez questão de comprar uma TV em cores, onde vimos o Brasil perder e ficar em quarto lugar. Já a Itália nem ficou entre os quatro primeiros. Eu era criança, mas lembro a animação em casa: as visitas chegavam para assistir à TV na sala, que era pequena e o móvel da TV ocupava mais da metade do espaço! Acho que a gente nem podia se dar a esse luxo na época, mas foi uma vontade do meu pai. Depois da Copa, a sensação eram as novelas, acompanhadas com atenção pela minha mãe e minha irmã mais velha. Hoje assisto a filmes e jornal —é bom ter um resumo das notícias do dia."

Homem grisalho de camisa azul e calça jeans sorri, encostado a uma parede azul
Silvio Stagni, 61, presidente da Allied Tecnologia - Divulgação
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