Como as empresas calculam suas emissões de gases de efeito estufa

Balanço de emissões pode ser obrigação, legal ou comercial, ou uma medida voluntária

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Mathilde Dumazet
Paris | AFP

Cada vez mais empresas calculam a sua pegada de carbono, mas esse resultado —medido em termos de em toneladas de gases de efeito estufa emitidos na atmosfera— pode variar de acordo com o método e escopo escolhidos.

As empresas de contabilidade de carbono estão crescendo continuamente com tanta demanda. O custo pode variar de algumas centenas de euros para uma pequena ou média empresa a várias centenas de milhares de dólares.

Dada a magnitude da tarefa de reduzir as emissões e os riscos de "greenwashing" (afirmações de fachada, falsas ou incompletas, sobre realizações na área de sustentabilidade) por parte das empresas, especialistas destacam a importância de conhecer as etapas do cálculo.

Etapas preliminares

O cálculo de um balanço de emissões pode ser uma obrigação —legal ou comercial— ou uma medida voluntária.

Enquanto se aguarda a elaboração de um padrão universal, existem três metodologias principais, desenvolvidas no início dos anos 2000 e são compatíveis entre si, apesar de algumas diferenças :

1) o GHG Protocol (Estados Unidos),

2) o Balanço de Carbono (França),

3) o padrão ISO 14067 (internacional)

Eles classificam as emissões por setores.

O ponto nº 1 são as emissões diretamente ligadas às atividades da empresa (como queima de material, frota de veículos etc.).

fila de carros em uma avenida
Trânsito congestionado no Elevado Costa e Silva (Minhocão), na região central da capital paulista. - Folhapress

O número 2 são aqueles ligados à produção da energia consumida (eletricidade, calor/frio).

Já o número 3 são aqueles ligados indiretamente à produção, tanto em relação aos insumos e atividades necessárias para a produção (compra de bens e serviços, transporte, bens imóveis, viagens profissionais, investimentos) quanto nas que ocorrem depois do produto pronto (como desperdício, tempo útil dos produtos e o que é feito após o descarte).

As obrigações legais referem-se apenas aos pontos 1 e 2, mas "limitar-se a eles equivale a perder 70% do seu impacto", diz Fanny Fleuriot, coordenadora de contabilidade de carbono da Agência de Controle de Meio Ambiente e Energia (Ademe).

Segundo ela, o ponto 3 muitas vezes concentra a maioria das emissões.

"Começamos com uma reunião para entender o modelo econômico da empresa", explica Amélie Klein, especialista em quantificação de carbono da EcoAct.

As empresas definem o ano que servirá de base para os objetivos de redução —muitas vezes o ano do primeiro balanço– e o escopo.

Somas e multiplicações

A coleta de dados começa então, o que pode levar vários meses. Faturas de compras e de energia elétrica, registros de imóveis, maquinário e veículos, viagens de funcionários: a lista de informações é longa.

O cliente pode fornecer diretamente o consumo de energia em kWh, mas quando não há volumes exatos para todas as fontes de emissão, as médias setoriais podem ser usadas, diz Klein.

Para emissões relacionadas ao uso de um produto, por exemplo, uma empresa de aspiradores pode conhecer a vida útil e o consumo de seu modelo ou utilizar o consumo médio de um aspirador.

Os dados, expressos em volume (toneladas, kWh) ou em valor monetário, são então multiplicados pelo fator de emissão correspondente, calculado por entidades especializadas.

Por exemplo, o número de toneladas de aço compradas é multiplicado pelo fator de emissão correspondente à produção de uma tonelada de aço. O resultado é equivalente em toneladas de CO2.

E depois?

O próximo passo é o estabelecimento de metas de redução de emissões e o treinamento de equipes nesse sentido.

Para medir o progresso, é necessário repetir o cálculo, mas também refiná-lo, pois os fatores de emissão e o escopo podem variar. Por exemplo, pode haver mudança de fornecedores, de processos ou fusões ou aquisições.

Para chegar o mais próximo possível da realidade, a empresa pode abandonar as médias setoriais e incluir as emissões reais de seus fornecedores.

Esse é o desafio dos próximos anos: um sistema padronizado de dados de carbono, transmitidos ao longo da cadeia de valor com o mesmo rigor dos dados contábeis, diz Karthik Ramanna, professor da Oxford,

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