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Bolsa sobe e dólar cai com foco na economia e otimismo no exterior

Mercado reage a declarações de ministra do Planejamento e expectativa por inflação nos EUA

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São Paulo

A Bolsa teve sua sexta alta diária seguida nesta quarta-feira (11), e o dólar fechou em queda, com investidores dando maior atenção ao noticiário econômico, após a divulgação do secretariado do Ministério do Planejamento e as declarações da ministra Simone Tebet.

No exterior, os investidores anteciparam dados da inflação ao consumidor nos Estados Unidos, que serão divulgados nesta quinta-feira (12). O mercado espera uma desaceleração do indicador, o que poderia levar o Federal Reserve, banco central norte-americano, a diminuir o ritmo de alta dos juros.

O Ibovespa fechou em alta de 1,53% a 112.517 pontos. Nos últimos seis pregões, a Bolsa acumula alta de 8%. O dólar comercial à vista fechou com queda de 0,40%, a R$ 5,1810 para venda.

Desde o dia 4 de janeiro, quando atingiu o pico de R$ 5,45 no ano, o dólar acumula desvalorização de 5% ante o real.

Os juros recuaram em todos os vencimentos. Os contratos para 2024 caíram de 13,59% no fechamento desta terça-feira (10) para 13,52%. Para 2025, a taxa passou de 12,69% para 12,53%. Para 2027, o recuo foi de 12,50% para 12,26%.

Dólar abre nesta quarta-feira com investidores aguardando pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Dado Ruvic - 30.mai.2022/Reuters

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), anunciou nesta quarta-feira (11) a composição de sua equipe de secretários ressaltando "as linhas de pensamento econômico diferentes" e pregando harmonia com os ministros da Gestão, Esther Dweck, e da Fazenda, Fernando Haddad.

Sobre o ministro da Fazenda, reportagem da Folha revela que a proposta de arcabouço fiscal da equipe econômica de transição, que reuniu André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Persio Arida, envolve a substituição do teto de gastos por uma meta de despesas.

Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos, afirma que além dos nomes anunciados por Tebet, o discurso da ministra do Planejamento, defendendo um maior rigor fiscal, trouxe mais tranquilidade aos investidores.

"Houve uma garantia de que tanto Tebet quanto Haddad serão rigorosos na hora de escolher como gastar os recursos públicos, e isso beneficiou o Ibovespa e os juros", afirma Boragini.

Para Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, lembra que além do noticiário econômico, o preço das ações listadas está muito barato, o que incentiva a entrada de investidores na Bolsa, principalmente estrangeiros.

A cotação do petróleo também ajudou a Bolsa, impulsionando principalmente as empresas do setor. Às 18h26 (horário de Brasília), o barril do tipo Brent subia 3,48%, a US$ 82,89.

As ações ordinárias da 3R Petroleum e da PRIO, antiga PetroRio, ficaram com as maiores altas do Ibovespa, com 13,64% e 7,76%, respectivamente. Nesta quarta, a 3R divulgou que em dezembro, sua produção quase dobrou em relação a novembro.

Os papéis da Petrobras subiram menos, mais impactadas pela cautela com o cenário político. As preferenciais fecharam em alta de 0,79%, e as ordinárias avançaram 1,28%.

No exterior, os principais índices de ações nos Estados Unidos também encerraram o dia em em alta. Além do otimismo com a inflação no país, o otimismo em relação à retomada econômica na China também ajudou o mercado.

O índice Dow Jones teve alta de 0,80%, enquanto o S&P 500 subiu 1,28%. O Nasdaq 100 fechou com avanço de 1,76%.

Apesar da atenção dada ao noticiário econômico, o mercado mantém no radar o ambiente político, com ameaças de novas invasões e bloqueios por parte de militantes bolsonaristas. O governo anunciou medidas de prevenção para evitar nova invasão nas sedes dos Três Poderes.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta quarta que as autoridades públicas impeçam quaisquer tentativas de ocupação ou bloqueio de vias públicas, rodovias, espaços e prédios públicos por manifestantes golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, prorrogou por mais dez dias o uso da Força Nacional da região da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, palco de atos de vandalismo no último domingo (8).

Em sua análise matinal, a Guide Investimentos ressalta que os atos convocados por militantes bolsonaristas estão marcados para o final da tarde, mas o noticiário no decorrer do dia pode levar a uma cautela maior dos investidores.

Os analistas da Levante Corp. Research apontam uma tensão sobre o alcance das investigações dos atos golpistas, especialmente com a possibilidade de envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

"Caso Bolsonaro seja responsabilizado pelos atos, é bastante provável que ele se torne inelegível. Nesse caso, é de se esperar uma realização de lucros por parte dos investidores, com queda das ações", projeta a Levante.

Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos, diz que a percepção dos investidores é de que não haverá ruptura institucional, o que sustenta o "impacto reduzido" do cenário político na Bolsa brasileira e no dólar.

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