Descrição de chapéu Folhainvest inss

Compare as opções de poupança para sua aposentadoria privada

Papéis do Tesouro são opção mais simples e barata, enquanto planos de previdência têm vantagens tributárias e sucessórias

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A formação de uma poupança previdenciária para a aposentadoria é uma das principais preocupações dos brasileiros. Uma pesquisa recente da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceria com o Datafolha mostrou que cerca de 60% da população ainda não começou uma reserva para a aposentadoria, mas pretende começar.

Entre as principais alternativas para a constituição de uma reserva previdenciária, estão os fundos de previdência privada, e, mais recentemente, os títulos públicos RendA+ do Tesouro Direto, que oferecem uma taxa fixa de remuneração acrescida da variação da inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Em pouco mais de dois meses desde seu lançamento, os títulos públicos Tesouro RendA+ atraíram cerca de R$ 500 milhões de aproximadamente 36 mil investidores. Além disso, o ritmo médio de venda do título é de cerca de R$ 10 milhões diários, o que levaria a um estoque de R$ 2,5 bilhões em um ano, segundo cálculos do Tesouro.

A indústria de previdência privada, por sua vez, alcançou R$ 1,2 trilhão em ativos em fevereiro, com uma captação líquida de R$ 3,4 bilhões no acumulado do primeiro bimestre deste ano, de acordo com dados da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

Cédulas de R$ 100 e R$ 50 seguradas por mãos de uma maquete sobre fundo azul
Fundos de previdência e títulos públicos destinados à aposentadoria têm vantagens e desvantagens, e a escolha por um outro vai depender do perfil do investidor e de seus objetivos no longo prazo, dizem especialistas - Gabriel Cabral/Folhapress

Segundo especialistas do mercado, tanto os fundos de previdência, como os títulos públicos destinados à aposentadoria, têm vantagens e desvantagens, e a escolha por um outro vai depender do perfil do investidor e de seus objetivos no longo prazo.

Planejadora financeira CFP pela Planejar, Patrícia Palomo afirma que, embora complementares, há algumas diferenças importantes em relação às duas alternativas.

Os títulos são uma opção mais simples e de fácil acesso ao investidor que eventualmente ainda não dispõe de um patrimônio elevado para mantê-lo aplicado por alguns anos até o momento da aposentadoria, diz a especialista, lembrando que o investimento mínimo nos papéis começa em torno de R$ 30.

"O título permite que o investidor comece a formar uma poupança complementar para a aposentadoria com pouco recurso", afirma a especialista, acrescentando que a forte adesão de novos interessados em pouco tempo reflete a facilidade quanto ao entendimento das pessoas sobre o novo produto.

Além disso, acrescenta, eles também são uma opção mais em conta em comparação aos fundos de previdência, que normalmente cobram taxas de administração entre 1% e 2% ao ano para remunerar bancos, gestoras e distribuidores.

No caso dos títulos, há uma taxa de custódia cobrada pela B3 que varia entre 0,50% e 0,10% ao ano, a depender do prazo. No entanto, aqueles investidores que não realizarem resgates antecipados terão isenção da taxa.

Se a renda mensal obtida com o pagamento dos juros ficar abaixo de seis salários mínimos, o investidor também fica isento da taxa de custódia. "A iniciativa do Tesouro é muito importante como forma de democratização das alternativas para complementar a previdência pública", afirma Patrícia.

Em uma simulação realizada pela planejadora que considera uma aplicação de R$ 10 mil em um plano de previdência com o mesmo retorno real de 6,1% do RendA+ em um prazo de 12 anos, mas com a diferença de uma taxa de administração de 1,5% do fundo, contra uma taxa de custódia zero do título público, o investidor teria ao final do prazo um saldo de R$ 29,2 mil nos títulos, e de R$ 25,5 mil no plano de previdência.

Fundos de previdência são mais caros, mas oferecem vantagem na hora de declaração do IR

Em relação aos fundos de previdência, a gestora da B.Side Wealth Management, Carolina Taira, diz que uma vantagem importante diz respeito à tributação. Enquanto a alíquota na modalidade alcança um patamar mínimo de 10% após um prazo de dez anos, nos títulos públicos, o percentual só desce até 15%, após um prazo de dois anos.

A gestora diz ainda que outra vantagem dos fundos é que, nos planos de previdência do tipo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), o investidor pode deduzir de sua base de cálculo do IR (Imposto de Renda) os valores contribuídos até o limite de 12% de sua renda bruta anual tributável.

Carolina acrescenta que os fundos de previdência são comumente utilizados dentro de um trabalho de planejamento sucessório pelo fato de não entrarem em inventário, sendo rapidamente transferidos para os herdeiros após o falecimento do titular.

"Os fundos de previdência continuam tendo uma grande vantagem na parte tributária e de sucessão", afirma Carolina, que lembra também que os fundos de previdência oferecem uma gama bastante ampla de estratégias de investimento com diferentes níveis de risco, dando ao investidor a liberdade de escolher a que melhor casa com seu perfil.

A gestora diz que um ponto de atenção diz respeito às taxas de administração dos fundos, que podem chegar a níveis abusivos, de até 3% ao ano, sendo necessária uma análise mais cuidadosa sobre as estratégias.

Duas opções podem atuar de maneira complementar na carteira do investidor, diz especialista da Unicred

"O Renda+ é uma novidade bastante interessante, principalmente para o público que não tinha acesso a planos de previdência", diz Rafael Sueishi, chefe de renda fixa no escritório de assessoria de investimento Manchester.

O foco dos títulos, acrescenta Sueishi, tende a ser a população de menor renda, que, em muitos casos, tem apenas o INSS para se sustentar durante a aposentadoria. Já os planos de previdência acabam sendo uma opção mais interessante para um público de renda mais alta, com aportes mínimos maiores em comparação aos títulos públicos e com a facilidade de transmissão de bens no processo sucessório, diz o especialista.

Patrícia avalia que as duas alternativas podem funcionar de maneira complementar na carteira do investidor.

Ela afirma que, apesar dos pontos positivos, os títulos públicos voltados à aposentadoria têm um prazo de pagamento estipulado em 20 anos, com o intervalo do fluxo sendo eventualmente insuficiente para cobrir todo o período de aposentadoria do investidor.

Nesse sentido, um plano de previdência que ofereça uma renda vitalícia ao beneficiário pode mitigar o risco, diz Patrícia. "Dentro do planejamento previdenciário e sucessório, vejo a previdência pública e a privada, e agora o título do Tesouro, como complementares."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.