Lira fala em 'relaxamento excessivo’ de Haddad em fala sobre poder da Câmara

Presidente da Câmara negou tensão com ministro, mas disse que foi pego de surpresa por declaração

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Brasília

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) falou sobre o tamanho do poder da Casa em um momento de "relaxamento excessivo". Segundo o deputado, não há clima para votar nesta semana o novo arcabouço fiscal —proposta fundamental para o governo.

"Nós não tensionamos, eu não acredito em tensão. Ficamos surpresos. Como disse na minha nota, eu acho que foi inapropriado, talvez um relaxamento excessivo do ministro em uma entrevista", afirmou nesta terça-feira (15).

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), durante o seminário sobre Reforma Tributária
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), durante o seminário sobre Reforma Tributária - Marcelo Camargo - 21.jun.2023/Agência Brasil

"Penso que os deputados e líderes não gostaram", disse. "Não temos interesse nenhum em promover um acirramento de ânimos, mas o posicionamento [de Haddad se explicando] foi necessário", afirmou.

O atrito entre Lira e Haddad tornou-se público após entrevista do ministro divulgada nesta segunda-feira (14). Nela, o chefe da equipe econômica de Lula disse que a Câmara dos Deputados "está com um poder muito grande". A declaração azedou o clima político e obrigou o titular da pasta a dar explicações.

"A Câmara está com um poder muito grande, e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo", disse Haddad em entrevista ao programa Reconversa, com o jornalista Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde. A gravação foi realizada na noite de sexta-feira (11), mas divulgada somente no início da tarde de segunda.

Cerca de cinco horas após a declaração vir a público, Haddad desceu à portaria do Ministério da Fazenda para tentar pôr panos quentes na situação, dado o elevado risco de repercussão na agenda econômica. Uma reunião de líderes da Câmara, marcada para tentar destravar a votação do novo arcabouço fiscal, foi cancelada diante do clima desfavorável.

"As minhas declarações foram tomadas como uma crítica à atual legislatura. Na verdade, eu estava fazendo uma reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão. Nós tínhamos, até os dois primeiros governos Lula, um presidencialismo de coalizão. E isso não foi substituído por uma relação institucional mais estável", afirmou o ministro.

"Longe de mim querer criticar a atual legislatura. Era uma reflexão justamente para que a gente estabelecesse regras mais estáveis e duráveis, pensando no futuro da relação entre Executivo, Senado e Câmara Federal", acrescentou.

Nesta terça, o relator do projeto do novo arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), disse que a votação da proposta foi adiada novamente e não será feita mais nesta semana. O movimento complica a vida do governo na elaboração da proposta de Orçamento, que depende das novas regras e precisa ser enviada até o fim do mês ao Congresso.

Conforme mostrou a Folha, Lira e Haddad discordam sobre a tramitação da proposta que muda regras de tributação sobre empresas de brasileiros em paraísos fiscais (offshores). O deputado deixou claro, em tom incisivo, que resiste ao avanço da medida. As resistências irritaram integrantes da equipe econômica.

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