Metalúrgicos da GM aprovam greve em três fábricas de São Paulo após demissões

Paralisação começa nesta segunda-feira (23) para tentar reverter cortes feitos por telegrama

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São Paulo

Os trabalhadores da GM (General Motors) aprovaram uma greve por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira (23). A paralisação foi decidida em assembleias realizadas nos sindicatos de funcionários das fábricas de São José dos Campos, Mogi das Cruzes e São Caetano do Sul, em resposta às demissões nas três unidades, anunciadas neste sábado (21). A categoria reivindica o cancelamento dos cortes e a reintegração de todos os funcionários.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, diversos funcionários, incluindo operários em layoff, grávidas e pessoas com problemas de saúde receberam telegramas e emails comunicando a demissão, sem prévia negociação com os representantes dos trabalhadores. Não há informações do número total de demitidos.

Haverá uma assembleia unificada na porta da GM em São José dos Campos, a partir das 5h30, com trabalhadores dos três turnos nesta segunda para confirmar a decisão. As outras duas unidades também terão a presença dos respectivos sindicatos no mesmo horário.

Trabalhadores da General Motors se reúnem em frente a Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região contra demissões feitas por telegrama - Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress

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Em nota, a General Motors afirma que a queda nas vendas e nas exportações a levaram a adequar seu quadro de empregados nas três fábricas.

A categoria contesta a justificativa da crise econômica e afirma que a GM descumpriu um acordo de que não realizaria demissões ou adotaria outras ações sem prévia negociação com o representante legal dos trabalhadores em São José dos Campos. A unidade tem cerca de 4.000 trabalhadores e produz os modelos S10 e Trailblazer.

Segundo o sindicato de São José dos Campos, pelo acordo do layoff, aprovado em junho, cerca de 1.200 operários da planta ainda deveriam ter estabilidade no emprego durante a vigência da suspensão de contratos.

Procurada pela Folha, a GM não se manifestou sobre o anúncio de greve até a publicação deste texto.

A mobilização no Brasil ocorre em meio à greve histórica nos EUA contra as três principais montadoras americanas (GM, Ford Motor e Stellantis). Em paralisação que dura mais de um mês, trabalhadores do setor automotivo pressionam por salários e benefícios mais altos e pela eliminação de um padrão escalonado que paga muito menos aos funcionários mais novos.

As montadoras dizem que as exigências do sindicato prejudicariam seus lucros, já que tentam competir com fabricantes não sindicalizados, como a Tesla.

A General Motors registrou lucro líquido global de US$ 2,57 bilhões (R$ 12,94 bilhões) no segundo trimestre deste ano, com alta de 51,6% na comparação anual.

Segundo relatório divulgado pela montadora, 1,6 milhão de veículos foram entregues em todo o mundo no segundo trimestre, uma alta de 11,5% em comparação a 2022. Nos Estados Unidos, houve um aumento de 18,9% nas entregas, totalizando 692 mil unidades. No Brasil, a montadora entregou 78 mil veículos durante o período de abril a junho, registrando um crescimento anual de 18,1%.

Neste ano, a GM voltou a investir no mercado europeu com lançamento do Cadillac Lyriq, na Suíça, para aumentar a sua participação no mercado de carros elétricos. A iniciativa ocorre seis anos depois que a montadora americana vendeu suas marcas populares na região.

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