Cuba suspende voos de aérea estatal para Argentina após recusa de fornecimento de combustível

Governo cubano disse que petrolífera YPF impôs restrição em conformidade com embargos dos EUA

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Havana (Cuba) | AFP

Cuba decidiu suspender os voos da companhia aérea estatal Cubana de Aviación com destino à Argentina devido à recusa de fornecimento de combustível pela petrolífera argentina YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales), em conformidade com o embargo imposto pelos Estados Unidos à ilha, informou o Ministério das Relações Exteriores.

"A Cubana de Aviación foi obrigada a suspender os voos regulares entre Cuba e a Argentina", disse o Ministério na terça-feira (30) à noite em comunicado, considerando contraditória a posição da empresa e das autoridades argentinas, num governo que "prega liberdade a todo custo".

A pasta disse que a YPF comunicou em março à companhia aérea cubana "a sua recusa em continuar fornecendo combustível para suas aeronaves, em aplicação do bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba" e isso não mudou.

Homem está sentado no chão em aeroporto
Aeroporto Jorge Newbery, em Buenos Aires - Juan Mabromata - 28.fev.24/AFP

A petrolífera "viola flagrantemente" sua lei nacional, que considera "absolutamente inaplicáveis" as leis estrangeiras com "efeitos extraterritoriais", denunciou o Ministério das Relações Exteriores.

Na semana passada, a empresa cubana informou sobre o cancelamento de dois voos devido à impossibilidade de obter gasolina, restrita no país sul-americano, afetando vários passageiros que ficaram retidos em Havana.

A companhia aérea cubana "buscou inúmeras alternativas para manter as operações planejadas e autorizadas pela autoridade aérea argentina" e também tentou não afetar os passageiros recorrendo a outras companhias aéreas, acrescentou a nota.

Até uma funcionária cubana se reuniu em Buenos Aires com altos executivos da aviação civil argentina, sem receber uma resposta satisfatória que garantisse a aquisição de combustível.

"É contraditório pregar liberdade a todo custo, enquanto se limita a liberdade de uma empresa que cumpre rigorosamente as disposições normativas da Argentina e da Organização da Aviação Civil Internacional", acrescentou o comunicado, referindo-se ao governo ultraliberal de Javier Milei.

As sanções aplicadas por Washington contra Cuba, há mais de seis décadas, incluem empresas em qualquer parte do mundo que façam negócios com Havana. No entanto, é incomum que as empresas petrolíferas neguem combustível aos voos da Cubana de Aviación, que também possui rotas para Madri e Caracas.

A suspensão dos voos ocorre quase um ano depois que a companhia aérea cubana retomou suas viagens para a Argentina.

Essas sanções foram reforçadas durante a presidência do republicano Donald Trump (2017-2021), sem que seu sucessor democrata Joe Biden as tenha flexibilizado significativamente, contribuindo para aprofundar a pior crise econômica de Cuba em três décadas.

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