Multifranqueados contam como atravessaram ápice da pandemia

Relatos falam sobre importância de diversificar mercados para manter o faturamento

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Denise Meira do Amaral
São Paulo

Restrições na abertura do comércio e períodos de baixo faturamento, devido à pandemia, fizeram parte do cotidiano de franqueados brasileiros. Para quem investe em lojas em mais de uma localidade, ou trabalha com mais de um tipo de negócio, a saída foi utilizar as empresas mais lucrativas para equilibrar as contas daquelas com menor lucro.

Leia o relato de quatro franqueados que atravessaram o período mais restritivo da pandemia com seus empreendimentos.

Mulher de cabelo preto e vestida com roupa verde vermelha sorri, sentada em uma poltrona vermelha
Andrea Ribeiro, 42, mora em Sinop (MT) e é dona de uma franquia da Nutty Bavarian, uma da Imaginarium e uma da Puket - Arquivo Pessoal

‘se uma franquia não vai bem, a gente se mantém com outra’

Giovana Figueiredo Silva, 32, Belém (PA), dona de duas franquias da Yes! Cosmetics, três da ótica Fuel e uma da Grão Expresso

Inaugurei a Grão Expresso um mês antes de a pandemia começar. Como era recente, não tinha fluxo de caixa e acabei fazendo empréstimo. Nosso primeiro ano foi muito difícil. Quando as mesas foram liberadas, voltamos a respirar, mas minhas outras duas operações praticamente sustentaram a Grão na crise.

Na Yes!, tive muito prejuízo com estoque na pandemia, porque maquiagem tem data de validade. Já na Fuel não tivemos perda de produto, mas como tudo estava muito restrito, as vendas de óculos de sol caíram. Já as de óculos de grau aumentaram.

O bom de ter mais de uma franquia é que, se uma não vai bem, a gente consegue se manter com outra. Muita gente fechou porque não teve fluxo de caixa para passar meses sem faturar.

‘ouvi a visão de milhares de franqueados para melhorar práticas’

Alex Piton, 37, São Paulo (SP), dono de duas franquias da Montana Grill, duas da Pizza Hut, uma da Spoleto e uma da Jin Jin

Foram dois anos bem complicados. Na pandemia, acabei fechando duas unidades da Pizza Hut, uma em Santos e outra em São Paulo. Foi uma quebradeira no mercado de alimentação, mas as operações que eram franquias tiveram menos problemas, porque conseguiram se organizar melhor e oferecer mais fôlego para os franqueados.

Ter várias unidades foi importante porque tínhamos reuniões semanais com os gestores da franqueadora. Eu ouvia a visão de cada gestão, tentando entender e melhorar as práticas.

Não eram só minha cabeça e a do meu sócio. Eram de milhares, pensando de todas as formas. Todos deram as mãos. Como todas minhas franquias eram de alimentação, acabei buscando outros negócios, como uma operação de "vending machines".

‘não fiquei na mão de um mercado único’

Giovane Fischborn, 55, Brasília (DF), dono de duas franquias da Sestini, cinco da Jorge Bischoff e uma da Via Mia

Eu era da área industrial, do segmento de calçados. Em 2009, abri minha primeira franquia da Jorge Bischoff, em Brasília. Em 2017, abri a da Sestini e, em dezembro de 2019, véspera da pandemia, a da Via Mia.

Foi um período bem complicado para o varejo. Tivemos que buscar alternativas junto às marcas. Uma delas foi a redução de despesas, administrando as compras. Compramos para receber lá na frente. Jogamos adiante o que tínhamos para receber em abril e seguramos os novos pedidos até que houvesse uma melhora.

No caso da Sestini, que é de linha viagem, nossas vendas foram muito impactadas. Investimos em mochilas e sacolas, porque as pessoas viajaram mais de carro e ônibus. Ter franquias em segmentos diferentes foi importante para não ficar na mão de um mercado único.

‘já levei muita estratégia de uma empresa para outra’

Andrea Angelini, 42, Sinop (MT), dona de uma franquia da Nutty Bavarian, uma da Imaginarium e uma da Puket

Estamos nos reerguendo agora da pandemia, o tombo foi grande. A maior dificuldade foi equilibrar as contas. Tive que reduzir equipe nas três franquias. Na Imaginarium e na Puket, sentimos muito, porque os clientes estavam evitando contato. Recorremos ao delivery, que antes não era uma estratégia muito usada.

Apostamos no bom e velho WhatsApp, uma modalidade mais pessoal com nossa base de clientes. Até escrevia dedicatória junto com o presente para quem pedia. Ter lojas em segmentos diferentes me ajudou muito.

Tenho grupos de WhastApp de cada uma das franquias, e ouvir as experiências e trocas foi fundamental. Temos contato com franqueados do Brasil inteiro, é ótimo. Já levei muita estratégia de uma franquia para outra.

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