Descrição de chapéu sustentabilidade

Embalagem que traduz propósito da marca ajuda a atrair e reter clientes

Empresas investem em pacotes sustentáveis e reutilizáveis que contam a história dos produtos

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São Paulo

Embalagens sustentáveis, que vão além de informações técnicas e comunicam o propósito da marca, podem ser mais uma ferramenta para conquistar e fidelizar clientes.

A estratégia ajuda a trazer "um aspecto humano e próximo do consumidor", afirma Vitor Fernandes, designer e professor do Centro Universitário Belas Artes.

De acordo com ele, a preocupação com responsabilidade social e ambiental mudou a relação do consumidor com as embalagens. "O público tem prestado mais atenção à quantidade e ao tipo de material que leva para casa", diz.

A empreendedora Michelle Kallas,37, com as embalagens de sua loja, a Mica Crafted Chocolates, em São Paulo
A empreendedora Michelle Kallas,37, com as embalagens de sua loja, a Mica Crafted Chocolates, em São Paulo - Gabriel Cabral/Folhapress

Na Simple Organic, marca de cosméticos orgânicos, o objetivo das embalagens é causar o menor impacto ambiental possível, afirma Patrícia Lima, 43, CEO e fundadora da empresa.

Após a compra, o cliente leva os produtos para casa na Simple Bag, uma sacola transparente, produzida pela marca com um composto de amido, glicerina e água. O material, semelhante ao utilizado em cápsulas de medicamentos, pode ser dissolvido em água quente e descartado.

Quem compra online recebe os cosméticos protegidos com extrusado de milho, material biodegradável com textura semelhante ao isopor, usado para proteger os produtos de impactos do transporte.

Em novembro, a empresa compartilhou suas práticas sustentáveis na COP27, conferência sobre o clima organizada pela ONU no Egito.

Hoje, a Simple tem cerca de 80 funcionários. Os produtos são vendidos em 28 lojas franqueadas e pelo site, com preços entre R$ 40 e R$ 180.

No caso da Mica Crafted Chocolates, de chocolates artesanais, a ideia das embalagens estava clara desde a abertura da empresa, em 2018: produtos para presentear, com caixas divertidas, coloridas e espontâneas, conta a dona da empresa, Michelle Kallas, 37.

De acordo com a empreendedora, a referência para a identidade da Mica não vem só de outras marcas de chocolate, mas de cores e padrões da moda e da papelaria.

"No mercado sempre encontrava chocolates em embalagens mais sóbrias, com dourado, marrom. Nada que tivesse a minha personalidade", afirma ela, que considera os pacotes como extensões de seus produtos.

"As caixas rígidas as pessoas usam depois para guardar bijuteria; as latas, para guardar lápis", afirma. Ela conta que recebe feedbacks positivos sobre os pacotes.

Os chocolates são vendidos na loja da Mica, localizada em Pinheiros, zona oeste da capital paulista, e pela internet. Os preços variam entre R$ 6 e R$ 358.

A empresária Helen Utomi, 35, dona da Amaka, que vende tecidos e acessórios
A empresária Helen Amaka, 35, dona da Amaka, que vende tecidos e acessórios - Divulgação


Nas compras online, quando o cliente não tem contato direto com a embalagem, os empreendedores podem usá-la como uma forma de melhorar a experiência pós-compra, diz Fernandes, da Belas Artes.

"Em muitas lojas, você recebe o pacote, abre a caixa e encontra um ‘mimo’, uma curiosidade sobre a história daquilo ou recado escrito à mão." Ações desse tipo, diz, não custam muito e podem incentivar o compartilhamento de opiniões positivas.

Na Amaka, que vende tecidos africanos e acessórios, a dona da marca Helen Amaka, 35, percebeu a necessidade de se aproximar do público durante a pandemia, devido ao fim do contato com os clientes em feiras e eventos.

Os produtos são entregues envoltos em papel de seda, com um bilhete de agradecimento, em caixas perfumadas. Para tecidos que carregam a simbologia de algum país africano, ela inclui um folder explicando a história da padronagem.

Com o crescimento da loja, a empreendedora diz ter investido na confecção de bolsas, carteiras, brincos e outros acessórios. Cerca de 10% do faturamento, que ela prefere não revelar, é gasto com design e na compra de materiais para os pacotes.

A média de venda mensal da Amaka é de 150 metros de tecido e cem acessórios. O preço dos produtos vai de R$ 15, em acessórios de cabelo, até R$ 180, em mochilas.

Como escolher a melhor embalagem

  • Design

    Consulte um profissional para ter uma estratégia na hora de escolher cores, tipografia e formato da embalagem

  • Menos é mais

    Busque soluções com o mínimo de material. Além de evitar desperdício, isso diminui o custo da produção

  • Aposte na conexão

    Saiba qual mensagem deve ser passada. Embalagens podem passar sensação de segurança, diversão, luxo ou simplicidade, de acordo com a comunicação

  • Saiba quanto investir

    Produtos para o dia a dia podem ter pacotes simples, mas embalagens temáticas podem ajudar na percepção de valor de coleções especiais

  • Fonte: Vitor Fernandes, professor da Belas Artes, e Artur Takesawa, consultor de negócios do Sebrae

O gasto com as embalagens não deve ser visto como um fardo, mas sim como um investimento que é capaz de aumentar a percepção de qualidade da marca, afirma Artur Takesawa, consultor de negócios do Sebrae.

"A embalagem precisa despertar a atenção e mexer com a emoção de quem compra." Por isso é preciso que o empreendedor saiba qual impacto quer causar com sua marca e como se comunicar com o consumidor.

Para pequenos e médios empresários que abrem negócios por necessidade, a preocupação com a identidade visual vem após a expansão do negócio. "Muitas vezes quem empreende não dá conta de investir nisso logo no início", afirma Takesawa.

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