Clínica canábica do Rio quer expandir negócio com modelo de franquia

Modelo é voltado para médicos que buscam prescrever tratamentos com produtos derivados da Cannabis

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Rio de Janeiro

Primeira clínica com tratamento baseado em Cannabis medicinal do Brasil, a carioca Gravital ingressa no mercado de franquias de salas.

O modelo é voltado para médicos de diferentes especialidades que buscam prescrever tratamentos com produtos derivados da planta que utilizam sobretudo o canabidiol (CBD).

Segundo a Abicann (Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis), mais de 250 doenças podem ser tratadas com a planta. A maioria dos pacientes busca combater condições crônicas ou minimizar os efeitos colaterais de medicações.

Retrato de Joaquim, um homem branco, careca, com barba curta; ele usa camiseta preta com o logo da empresa Gravital; sorrindo, ele segura um produto derivado de Cannabis; ao fundo, a parede tem o desenho de um pé de Cannabis sativa
Joaquim Castro, fundador e CEO da clínica Gravital, no Rio de Janeiro - Zô Guimarães/Folhapress

Normalmente, são pessoas com transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão, ou que convivem com dores crônicas causadas por artrite reumatoide, por exemplo.

No Brasil, o perfil médio dos pacientes que utilizam a Cannabis como medicamento é de mulheres com mais de 60 anos e de classe alta. A terapia custa por volta de R$ 2.000 por mês —cerca de R$ 500 por consulta e R$ 1.500 com o medicamento, importado na maioria das vezes.

A Gravital negocia com investidores da região Nordeste, segundo o fundador e CEO, Joaquim Castro, 43, que prefere não revelar as cidades e o número de interessados com que conversa. A projeção é fechar seis contratos ainda neste ano e chegar a 30 em 2025.

"Esse é um bom negócio especialmente para médicos, que podem atuar como empresários e com a sua própria mão de obra, diz Castro, para quem esse mercado é um "recém-nascido no país".

O investimento em uma sala de atendimento da Gravital é de cerca de R$ 100 mil, além da taxa de franquia de R$ 30 mil, renovável por cinco anos.

O faturamento mensal estimado é de R$ 20 mil a R$ 30 mil, podendo chegar a R$ 80 mil numa fase mais avançada do negócio. Isso significa que o investimento inicial pode ser compensado em dois anos.

Nas seis clínicas da Gravital em funcionamento hoje —em Curitiba (PR), Natal (RN), Rio de Janeiro, São Paulo, Sorocaba (SP) e Porto Alegre (RS)—, o faturamento foi de R$ 700 mil de janeiro a junho deste ano.

A estimativa é chegar a R$ 1,6 milhão até dezembro, o que representa um crescimento de 33% em comparação à receita de R$ 1,2 milhão do ano passado. Desde quando foi criada, em 2019, a rede atendeu 5.000 pessoas, sendo 1.500 apenas em 2023.

A Gravital surgiu do interesse de 11 cotistas de um fundo dedicado a investimentos em empresas de Cannabis dos Estados Unidos e Canadá. "Vendo os modelos de negócios, visitando clínicas e ouvindo os agentes, ficou claro que o negócio se desenvolveria no Brasil. Convidei, então, os cotistas a ingressarem no mercado interno e a aproveitar o conhecimento adquirido em três anos", conta Castro, também gestor do fundo. Hoje, a empresa possui 21 sócios.

O Brasil responde por 33% do mercado latinoamericano de Cannabis medicinal, de acordo com a Abicann. Hoje, o país movimenta US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4,9 bilhões) por ano e a projeção é chegar a US$ 15 bilhões (R$ 73,7 bilhões) até 2030.

Cerca de 10 mil médicos indicam produtos derivados da planta, ante 3.000 em 2019. Com o avanço da regulamentação e uma possível utilização do medicamento por veterinários e dentistas no futuro, a perspectiva é de crescimento, diz Thiago Ermano, presidente da associação.

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