Presidente sul-coreano vive onda de popularidade e se beneficia nas urnas

Partido de Moon Jae-in leva maioria dos cargos em disputa em eleições locais e parlamentares

De terno, Pompeo (à direita) e Moon (à esquerda) sorriem enquanto apertam suas mãos. Ao fundo, aparece um papel de parede bege simulando uma arte, que termina em um rodapé de madeira. Entre a parede e os dois há uma cadeira de madeira escura e estofado branco, além de uma bandeira branca e amarela, que é encoberta por Pompeo.
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, cumprimenta o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que o visita em Seul - Kim Hong-ji/Associated Press
Seul

O partido do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, venceu com facilidade as eleições realizadas nesta quarta-feira (13), um dia depois do encontro histórico entre o americano Donald Trump e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un.

Moon, que teve um importante papel nas negociações para a realização da cúpula de Singapura e no fim de abril havia se encontrado com Kim, vem colhendo os frutos políticos de sua iniciativa.

A taxa de aprovação de Moon, que assumiu o cargo em maio do ano passado após o impeachment de Park Geun-hye, estava em 72,3% na semana passada, 0,9 ponto percentual mais que na semana anterior, segundo a empresa de pesquisa Realmeter.

No pleito desta quarta-feira, o Partido Democrático (centro-esquerda), de Moon, levou 14 das 17 disputas para prefeito ou governador. Anteriormente, tinha seis desses postos.

Na lista de vitórias está a capital, Seul, que concentra cerca de 20% dos 52 milhões de habitantes do país. O atual prefeito, Park Won-soon, assegurou seu terceiro mandato e se apresenta como um nome bastante provável para a eleição presidencial de 2022, quando Moon deixa o poder.

A sigla do presidente assegurou ainda 11 das 12 cadeiras em disputa para a Assembleia Nacional (Parlamento local). A vaga restante ficou com o Liberdade Coreia, sigla da ex-presidente Park.

Com o resultado, o Partido Democrático terá 129 das 300 cadeiras, ante 114 do conservador Liberdade Coreia —a vantagem passou de cinco para 15 parlamentares.

Diferentemente de seus antecessores, que em uma década de poder mantiveram uma posição dura em relação à Coreia do Norte, Moon buscou o diálogo com Pyongyang.

Um dos marcos dessa aproximação foi a Olimpíada de Inverno, realizada no país no começo do ano, em que as duas Coreias não só desfilaram juntas como também competiram com uma equipe unificada no hóquei feminino —algo inédito nos Jogos.

O passo seguinte foi o encontro do presidente sul-coreano com Kim na zona desmilitarizada entre os países, em que prometeram desnuclearizar a península Coreana.

O discurso de reaproximação entre as Coreias agradou o eleitorado. E a tática da oposição, especialmente do Liberdade Coreia, de criticar a iniciativa, fez parte da população identificada com ideias de centro-direita se afastar e migrar para a sigla de Moon.

 

O fato de o pleito ter sido realizado logo na sequência do encontro entre Trump e Kim também foi considerado benéfico para o sucesso de Moon, cujo partido enfrentou seu primeiro teste nas urnas desde que chegou ao poder.

Nem a decisão de Trump de anunciar o fim dos exercícios militares conjuntos entre EUA e Coreia do Sul parece ter abalado o otimismo da população com o diálogo.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, reafirmou em Seul que os exercícios estão suspensos enquanto os EUA considerarem que as negociações estão avançando.

Trump afirmou na terça-feira em Singapura que as atividades eram "provocadoras" e "tremendamente caras". A decisão dos EUA de suspendê-las foi considerada uma vitória para Kim.

AFP e Associated Press

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