China pede aos EUA que paguem dívidas com a ONU

Washington responde por 66% do total da inadimplência dos Estados-membros

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Nova York e São Paulo | AFP

A China pediu aos membros da ONU nesta sexta-feira (15) que "cumpram totalmente suas obrigações financeiras", acrescentando que os Estados Unidos são o maior devedor às Nações Unidas, com uma dívida de mais de US$ 2,4 bilhões (R$ 14 bilhões).

De acordo com Pequim, que se baseia em um relatório recente da secretaria da organização, os países-membros devem US$ 1,6 bilhão (R$ 9,5 bilhões) em contribuições ao orçamento regular da ONU e outros US$ 2,14 bilhões (R$ 12,5 bilhões) para as missões de paz.

O ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, discursa na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York
O ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, discursa na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York - Don Emmert - 28.set.18/AFP

Levando em conta a soma de valores não pagos de anos anteriores, "os Estados Unidos são o principal devedor", afirma o regime chinês. Washington tem US$ 1,2 bilhão (R$ 7 bilhões) pendente para o orçamento operacional, o que equivale a 71% da dívida total.

No caso das missões de paz, o saldo é maior: os EUA devem US$ 1,3 bilhão (R$ 7,6 bilhões), correspondente a 62% da dívida de todos os países inadimplentes.

Somando as duas rubricas, Washington responde por 66% dos valores devidos pelos Estados-membros.

Os EUA são o país que mais contribui para orçamento da ONU —22% dos valores destinados anualmente à manutenção da organização são bancados pelos americanos, o que equivale a quase US$ 3 bilhões (R$ 17,5 bilhões).

Às missões de paz o país contribui com US$ 6 bilhões (R$ 35 bilhões) todos os anos —25% do total.

Em teoria, os Estados Unidos deveriam pagar 27,89% do orçamento de paz, mas, por causa de uma decisão do Congresso americano que o governo Donald Trump passou a seguir em 2017, o país repassa apenas 25%, acumulando a cada ano uma dívida equivalente a cerca de US$ 200 milhões (R$ 1,17 bilhão).

Além disso, o ano fiscal americano, que se inicia em outubro, faz com que a dívida pareça maior em determinadas épocas do ano do que realmente é.

A AFP procurou a missão dos EUA na ONU após a divulgação da declaração chinesa, mas não obteve resposta.

Recentemente, o presidente americano ordenou a interrupção, ao menos temporária, do pagamento das contribuições dos EUA à Organização Mundial da Saúde (OMS).

O líder republicano justificou a decisão ao criticar a forma como a entidade tratou a pandemia de coronavírus.

Dívida brasileira

Reportagem da Folha do início de fevereiro deste ano mostrou que o país devia US$ 415,8 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão) à ONU em novembro de 2019.

Às vésperas de o ano acabar, nos dias 30 e 31 de dezembro, técnicos do governo se mobilizaram, e o Brasil pagou a quantia mínima demandada, de US$ 126,6 milhões (R$ 541 milhões) —a quitação garantiu que o país não perdesse seu direito de voto na Assembleia Geral da ONU de 2020.

A sanção, prevista no artigo 19 da Carta das Nações Unidas, nunca foi aplicada ao Brasil na história da instituição.

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