Este será enfim o ano de Greta Thunberg no Prêmio Nobel da Paz?

Ativista pelo clima seria a segunda mais nova laureada; outros apontados como favoritos estão ligados a liberdade de expressão e à pandemia

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Oslo | Reuters

O Prêmio Nobel da Paz será anunciado nesta sexta (8), apenas três semanas antes de líderes mundiais se reunirem em uma cúpula sobre o clima que cientistas dizem ser capaz de determinar o futuro do planeta. Eis a razão para observadores apontarem que 2021 pode ser o ano de Greta Thunberg, 18.

Desde a última segunda-feira (4), o mundo vem conhecendo os vencedores de outras categorias —Medicina, Física, Química e Literatura. Embora a mais prestigiosa comenda do mundo político seja muitas vezes surpreendente, quem acompanha a láurea afirma que, em geral, é preciso olhar para os assuntos globais para descobrir o que está na mente dos cinco membros do comitê que fazem a eleição.

Com a COP 26 agendada para o final deste mês em Glasgow, na Escócia, o assunto global da vez pode ser a crise climática. Especialistas veem a cúpula como a última chance de definir metas obrigatórias para a redução das emissões de gases de efeito estufa na próxima década, medida essencial para manter a mudança de temperatura abaixo da meta de 1,5°C e evitar uma catástrofe.

A ativista sueca Greta Thunberg é cercada por jornalistas em evento pré-COP 26 em Milão
A ativista sueca Greta Thunberg é cercada por jornalistas em evento pré-COP 26 em Milão - Flavio Lo Scalzo - 28.set.21/Reuters

A ativista sueca, caso vença, se tornará a segunda pessoa mais nova a ganhar o prêmio —atrás apenas da paquistanesa Malala Yousafzai, que, em 2014, recebeu o Nobel da Paz com pouco mais de 17 anos.

"O comitê sempre quer enviar uma mensagem. E esta será uma mensagem forte a ser enviada à COP 26", disse Dan Smith, diretor do Instituto de Pesquisa da Paz Internacional, de Estocolmo, à agência Reuters.

Nos meses que antecedem a cúpula, alguns países desenvolvidos têm buscado traçar planos mais concretos para frear as mudanças climáticas. Em setembro, por exemplo, EUA e União Europeia anunciaram que reduzirão as emissões de metano em 30% até 2030. Paralelamente, a China prometeu zerar suas emissões de carbono até 2060.

Enquanto isso, Greta tem sido uma voz frequente a criticar promessas. “Blá-blá-blá. É só que o temos ouvido dos nossos líderes. Palavras que soam ótimas, mas que até agora não produziram nenhuma ação. Nossos sonhos e esperanças se afundam nessas palavras vazias. Claro que precisamos de diálogo, mas já são 30 anos de blá-blá-blá", disse, no final de setembro, em Milão.

Para além do clima, outros grandes temas candentes no mundo e que podem fazer diferença na escolha do novo Nobel da Paz são a defesa da democracia e a liberdade de expressão. Nesse sentido, observadores apontam a possibilidade de organizações de imprensa, como Repórteres sem Fronteiras e o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, levarem o prêmio.

A líder belarussa de oposição Svetlana Tikhanovskaia em entrevista em Paris - Joel Saget - 17.set.21/AFP

Também entram na bolsa de apostas por esse segmento dois políticos de oposição em seus países: Svetlana Tikhanovskaia, que se lançou candidata a presidente contra aquele que é considerado o “último ditador da Europa”, o belarusso Aleksandr Lukashenko; e o ativista Alexei Navalni, que comandou protestos contra Vladimir Putin na Rússia e está preso desde janeiro de 2020 por violar uma condicional ao deixar o país em coma, após ser vítima de envenenamento —o Kremlin é suspeito do episódio.

A vitória de qualquer um deles seria um eco da Guerra Fria, quando os prêmios de Paz e Literatura foram concedidos a dissidentes soviéticos, como Andrei Sakharov (1975) e Alexander Soljenítsin (1970).

No segundo ano de pandemia, correm por fora a Organização Mundial da Saúde e o Covax Facility, consórcio criado para distribuir de forma igualitária vacinas contra a Covid a países em desenvolvimento.

No entanto, observadores veem como pouco provável uma láurea para essas organizações, porque, em 2020, o Nobel foi para o Programa Mundial de Alimentos, com base no trabalho durante a crise sanitária.

Embora congressistas de qualquer país possam indicar candidatos, nos últimos anos o vencedor tem saído da lista proposta por legisladores da Noruega, cujo Parlamento nomeia o comitê do prêmio.

Os legisladores noruegueses entrevistados pela Reuters incluíram Greta, Navalni, Tikhanovskaia e a OMS em suas listas. As deliberações para definir os laureados são sigilosas, mas alguns documentos do comitê, incluindo a lista completa de 329 indicados ao prêmio da Paz em 2021, são mantidos atrás de uma porta protegida por várias travas e alarmes no Instituto Nobel da Noruega.

A expectativa é a de que eles sejam divulgados em 50 anos.

Os papéis mais recentes divulgados são sobre o prêmio de 1971, ganho por Willy Brandt, premiê da Alemanha Ocidental, por suas ações para reduzir a tensão entre Ocidente e Oriente durante a Guerra Fria.

Eles revelam que um dos principais finalistas que Brandt venceu foi o diplomata francês Jean Monnet, um dos fundadores da União Europeia. Em 2012, 41 anos depois, o bloco europeu foi laureado com o prêmio.

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