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Ucrânia pede medidas eficazes de aliados após Putin reconhecer rebeldes; veja repercussão

Zelenski descarta concessões territoriais, e líderes condenam decisões do Kremlin; Conselho de Segurança da ONU se reúne

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São Paulo

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, criticou em pronunciamento nas primeiras horas desta terça-feira (22), pelo horário local, ainda noite de segunda no Brasil, a decisão de Vladimir Putin de reconhecer os rebeldes do leste do país e enviar tropas em apoio aos separatistas.

Putin anunciou a decisão em um discurso televisionado de tom duro, no qual disse que o país vizinho "nunca foi um Estado verdadeiro" e hoje se resume a uma "colônia de marionetes" dos Estados Unidos.

Para Zelenski, a Rússia nesta segunda-feira "destruiu esforços de paz". Ele disse que os ucranianos não desistiriam de "nenhuma parte" de sua terra e negou fazer qualquer concessão nesse sentido —as tropas russas foram enviadas para as províncias de Lugansk e Donetsk.

O presidente Volodimir Zelenski em pronunciamento na conferência de segurança de Munique - Lu Yang - 20.fev.22/Xinhua

Depois de acusar Moscou de violar a soberania territorial ucraniana e, com isso, encerrar de forma unilateral os Acordos de Minsk, Zelenski disse que ainda defende o caminho da diplomacia para uma solução da crise —ainda que, segundo ele, o país esteja preparado para ações de longo prazo.

"Não temos medo de nada nem de ninguém, não devemos nada a ninguém e não daremos nada a ninguém", afirmou, acrescentando que a Ucrânia espera passos "claros e efetivos" de seus aliados para agir contra a Rússia. O presidente ainda chamou uma cúpula de emergência com os líderes da Alemanha, da França e da própria Rússiaa, no chamado formato Normandia.

Antes de discursar, Zelenski participou de uma reunião do Conselho de Segurança e Defesa Nacional do país e conversou com o britânico Boris Johnson e com o americano Joe Biden. Ele também falaria com os presidentes da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e do Conselho Europeu, Charles Michel.

O Conselho de Segurança da ONU vai se reunir na noite desta segunda, em Nova York, para discutir o tema em uma reunião emergencial. Como a Ucrânia não faz parte do colegiado atualmente, o país precisou que alguns dos membros convocassem o encontro —o Brasil, que ocupa uma das vagas rotativas, deu apoio ao pleito ucraniano.

Antes do pronunciamento de Zelenski, líderes mundiais reagiram com ameaças de sanções e respostas ao passo dado por Putin de reconhecer os territórios de Lugansk e Donetsk e anunciar o envio de tropas.

Os dois territórios, com líderes pró-Rússia, viviam em conflito com o governo ucraniano desde a guerra civil de 2014, que deixou pelo caminho milhares de mortos e, agora, um cessar-fogo já pouco respeitado. Hoje, são o principal foco da disputa entre o Kremlin e o Ocidente.

Além de condenar as ações de Putin, que anunciou a decisão em discurso agressivo televisionado antes de assinar o reconhecimento de independência dos territórios, os líderes prometem mais sanções à Rússia.

"O reconhecimento das chamadas ‘Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk’ como ‘independentes’ requer uma rápida e firme resposta, e nós tomaremos os passos apropriados em coordenação com nossos parceiros", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, também adiantou que o presidente Joe Biden irá emitir decretos anunciando sanções à Rússia. "Nós antecipamos uma jogada como essa da Rússia e estamos prontos para responder imediatamente. O presidente Biden vai assinar em breve um decreto que proíbe investimentos, comércio e operações financeiras de cidadãos americanos em qualquer sentido com as essas regiões da Ucrânia."

O alemão Olaf Scholz, por meio de seu porta-voz, afirmou que ele, Biden e o presidente francês, Emmanuel Macron, "estão de acordo que essa medida unilateral da Rússia constitui uma violação clara" dos Acordos de Minsk, que haviam sido mediados justamente por França e Alemanha para o cessar-fogo na região, em 2014 e 2015.

"Ao reconhecer as regiões separatistas do leste da Ucrânia, a Rússia está violando seus compromissos e minando a soberania ucraniana. Eu condeno esta decisão. Convoquei uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e as sanções europeias", disse Macron, em seu perfil no Twitter.

No último dia 17, Blinken denunciou em uma reunião do mesmo conselho a iminência de uma invasão russa. "Nosso objetivo é transmitir a gravidade da situação. A evidência no terreno é que a Rússia está caminhando para uma invasão iminente. Esse é um momento crucial", disse ele na ocasião.

O Reino Unido também se manifestou e disse que irá impor sanções aos russos. "Amanhã nós iremos anunciar novas sanções à Rússia em resposta ao rompimento da lei internacional e ao ataque à soberania e integridade territorial da Ucrânia", escreveu a secretária de Relações Exteriores, Liz Truss.

Também o secretário-geral da Otan (aliança ocidental militar), o norueguês Jens Stoltenberg, criticou a manobra russa. "Eu condeno o reconhecimento russo de Donetsk e Lugansk na Ucrânia. Ele erode os esforços para resolver o conflito e viola os Acordos de Minsk. A Otan apoia a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Instamos Moscou a parar de instigar conflito e escolher diplomacia", afirmou.

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