Biden pede ao Congresso proibição de armas de assalto e diz que EUA 'não podem falhar de novo'

Democrata afirma ser inconcebível a recusa de senadores republicanos em votar normas mais rígidas para controle de armamentos

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São Paulo

À frente de velas em homenagem às vítimas de massacres recentes nos EUA, o presidente americano, Joe Biden, voltou a pressionar, nesta quinta-feira (2), congressistas do país para que aprovem medidas mais rigorosas de controle ao acesso a armas. Para isso, ele disse apoiar esforços bipartidários e pediu que democratas e republicanos quebrem o que chamou de "anos de impasse ideológico".

"A questão é: o que o Congresso vai fazer agora?", questionou Biden em pronunciamento na Casa Branca. Ele voltou a pedir a proibição de armas de assalto e disse ser necessária a exigência de antecedentes criminais para aquisição de armamentos. Segundo ele, os congressistas não podem "falhar de novo".

"E se não pudermos proibir armas de assalto, devemos aumentar a idade para comprá-las, de 18 para 21 anos", afirmou. "Pelo amor de Deus, quanta matança nós estamos dispostos a aceitar?"

O presidente americano, Joe Biden, durante pronunciamento na Casa Branca, nesta quinta (2)
O presidente americano, Joe Biden, durante pronunciamento na Casa Branca, nesta quinta (2) - Saul Loeb/AFP

O apelo foi direcionado aos republicanos do Senado, em que cada partido hoje tem 50 assentos. Para que um projeto seja aprovado, é necessária maioria de 60 votos, e uma regra conhecida como "filibuster" permite que textos que não alcancem esse número sejam barrados —na prática, para que a agenda de Biden tramite, não pode haver defecções entre os democratas e dez republicanos precisam pular o muro.

Não foi o que ocorreu na semana passada, quando a oposição barrou o debate de um projeto sobre terrorismo doméstico, a primeira tentativa de resposta dos democratas aos ataques a tiros recentes. Nesta quinta, Biden disse ser inconcebível a recusa da maioria dos republicanos em votar normas mais rígidas para controle das armas de fogo. "É hora de o Senado fazer alguma coisa. Chega, chega."

Além de pressionar o Parlamento, Biden voltou a criticar o lobby pró-armas no país, dizendo ser necessária uma revogação do que chamou de imunidade dos fabricantes. Sobre ataques recentes que abalaram o país, o presidente descreveu a tristeza que sentiu ao conversar com familiares das vítimas.

"Em ambos os lugares [ele viajou a Uvalde e a Buffalo com a primeira-dama], passamos horas com centenas de familiares, que estavam destruídos, cujas vidas nunca mais serão as mesmas", disse. "Eles tinham uma mensagem a todos nós: 'Faça alguma coisa. Apenas faça algo. Pelo amor de Deus, faça algo'."

Pouco depois do pronunciamento de Biden, a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), principal entidade pró-armas nos EUA, emitiu um comunicado com críticas às propostas do presidente. Segundo o órgão, as restrições infringiriam os direitos de proprietários de armamento que cumprem a lei.

"Isso não é a solução real, isso não é uma liderança verdadeira, isso não é o que o país precisa", diz o texto. Os argumentos são semelhantes aos apresentados por políticos republicanos ligados a esse lobby, como o senador pelo Texas Ted Cruz e o ex-presidente Donald Trump.

Depois dos ataques mais recentes, eles rejeitaram os pedidos de novas medidas de controle de armas e, em vez disso, sugeriram investir em saúde mental ou reforço da segurança escolar.

O pronunciamento de Biden foi motivado pela retomada do debate sobre o controle de armas no país, trazido à tona depois de dois massacres recentes —em uma escola de ensino fundamental no Texas e em um supermercado no estado de Nova York. Nesta quarta, somou-se a eles outra ação, em um hospital em Oklahoma, depois completada por mais dois episódios nesta quinta.

Há nove dias, um massacre na escola Robb, no Texas, terminou com 19 crianças e 2 professoras mortas. O autor, um jovem de 18 anos, portava um rifle AR-15 e, antes de ser responsável pelo pior massacre em uma instituição de ensino infantil no país em uma década, também disparou contra a avó.

Salvador Ramos não tinha histórico de doença mental nem antecedentes criminais, mas fez posts ameaçadores nas redes antes do tiroteio. Ele teve uma adolescência marcada por bullying e problemas familiares e, ao completar 18 anos, celebrou postando uma foto com dois fuzis que comprou pouco depois do aniversário. Ramos foi morto pela polícia na ação. O caso na cidade de Uvalde ocorreu dias depois de outro episódio, em Buffalo, no estado de Nova York, no qual morreram dez pessoas num supermercado.

O autor teve motivações racistas e deve ser indiciado por terrorismo doméstico.

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