Depósitos desabam no porto de Beirute 2 anos após explosão; veja vídeo

Silos entraram em colapso no Líbano após serem atingidos por incêndio prolongado

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Beirute | Reuters e AFP

Depósitos de grãos do porto de Beirute, no Líbano, desabaram parcialmente na tarde deste domingo (31), levantando uma enorme nuvem de poeira e fumaça.

Ainda que não tenha havido relatos imediatos de mortos ou feridos, o caso gerou preocupação devido ao trauma de uma gigantesca explosão que, quase dois anos atrás, matou mais de 215 pessoas e danificou gravemente a região.

Vídeo mostra colapso de silos no porto de Beirute neste domingo (31) - LBCI/AFP

Autoridades libanesas já haviam alertado na semana passada que parte da construção estava sob risco depois de um incêndio no local se prolongar por ao menos três semanas, sendo visível nos bairros próximos como um brilho laranja durante a noite.

O evento, segundo as forças de segurança, se deveu à combinação de uma onda de calor com a fermentação de grãos apodrecidos abandonados no local desde agosto de 2020.

Com o fogo, uma porção da estrutura começou a ruir de forma acelerada. O ministro dos Transportes libanês, Ali Hamie, disse à agência Reuters que teme que mais partes dos silos possam desmoronar em breve.

Moradores afirmaram que o incêndio de agora reacendeu o trauma de 4 de agosto de 2020. "Foi a mesma sensação, nos lembramos da explosão", disse Tarek Hussein, morador de uma região próxima ao porto, que estava fazendo compras quando o desabamento deste domingo ocorreu.

A explosão de dois anos atrás foi causada por uma carga de 2.750 toneladas de nitrato de amônia, produto químico altamente explosivo, armazenado de forma inapropriada durante seis anos. Além de deixar mais de 200 mortos e ao menos 6.000 feridos, a tragédia desencadeou uma onda de protestos contra o governo, aprofundando as muitas camadas de crises no país.

Até hoje, não há responsabilização formal pelo incidente, e disputas envolvendo o Judiciário e o Executivo travaram as investigações. As pressões políticas envolvendo a apuração do caso também motivaram grandes manifestações.

O que fazer com a estrutura restante da explosão divide os libaneses. O governo passou a defender, em abril, a demolição total, enquanto parte dos familiares das vítimas quer que o local seja preservado, como forma de lembrar do incidente. Na semana passada, um projeto que impediria a destruição não obteve o apoio necessário para ser aprovado no Parlamento.

"Os silos estão colapsando aos poucos e precisam de suporte [físico], esse é nosso objetivo", disse Divina Abojaoude, engenheira que integra um comitê de parentes das vítimas. "O incêndio teve causas naturais e acelerou os processos. Se o governo quisesse, teria contido o fogo, mas parece que eles querem que a construção desabe."

A administração federal não respondeu aos pedidos de entrevista da Reuters. O primeiro-ministro em exercício, Najib Mikati, nega qualquer interferência nas investigações e defende que elas continuem normalmente.

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