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Jin Hongjun

EUA precisam repensar sua política em relação à China e a Taiwan

Washington segue padrão de criar um problema e então usá-lo para alcançar os próprios objetivos

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Jin Hongjun

Encarregado de Negócios da Embaixada da China no Brasil

Nenhum país tolera a secessão. Taiwan faz parte da China desde a Antiguidade e a questão em torno dessa ilha é legado da guerra civil na China. Embora os dois lados do estreito estejam numa situação de antagonismo político, em nenhum momento foram divididas a soberania nacional do país nem sua integridade territorial.

A prática das autoridades de Taiwan de buscar o apoio dos EUA para sua agenda separatista e de alguns americanos de usar Taiwan para conter a China desafia a unidade e a dignidade da nação chinesa. Perante uma questão de princípio como essa, a China não tem o menor espaço para ceder, e nenhum país cederá em circunstância semelhante. Isso não tem nada a ver com a chamada democracia que Washington argumentou.

Soldado usa binóculo pra enxergar exercícios militares conduzidos pela marinha da China ao redor de Taiwan
Soldado usa binóculo pra enxergar exercícios militares conduzidos pela marinha da China ao redor de Taiwan - Lin Jian - 5.ago22/Xinhua

Não se admite provocação contra o princípio de "Uma só China", segundo o qual existe no mundo apenas uma China, e Taiwan é parte inalienável dela. O governo da República Popular da China é o único governo legítimo da China.

Isso é explicitamente reconhecido pela resolução 2.758 da Assembleia-Geral da ONU, e 181 países do mundo, incluindo os EUA, se comprometeram a reconhecer e a respeitar rigorosamente o princípio de "Uma só China" ao estabelecer laços diplomáticos com o nosso país.

Uma violação arbitrária desse princípio por alguns indivíduos dos EUA contraria o consenso majoritário da comunidade internacional e transgride os compromissos assumidos pelos países; o que só vai prejudicar ainda mais e até quebrar a credibilidade dos EUA. Isso não tem nada a ver com a chamada praxe que Washington argumentou.

Devem-se observar as normas basilares das relações internacionais. A questão de Taiwan é um assunto completamente interno da China. Enquanto apregoa de forma repetida uma "ordem internacional baseada em regras", Washington ignora aquela mais basilar e relevante do direito internacional, que é a de não interferir nos assuntos internos, conforme estipula a Carta das Nações Unidas.

O fato de que a parte norte-americana tem feito de tudo para facilitar e até apoiar as forças separatistas de Taiwan evidencia a hipocrisia dos discursos inconsistentes e a arrogância do excepcionalismo. Quem sofreria mais se o mundo voltasse a ser governado pela lei da selva, ao desprezar e abandonar a regra de não interferência? Isso tem a ver com a hegemonia que Washington vem praticando descaradamente.

É alarmante a contínua agitação das tensões geopolíticas promovida pelos EUA. Numa conjuntura internacional complexa e tumultuada, Nancy Pelosi, na qualidade da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, visitou Taiwan em um avião militar, quebrando o compromisso formal de não desenvolver relações oficiais com Taiwan e tornando a situação já tensa no estreito de Taiwan ainda mais complicada, perigosa e imprevisível.

Diante disso, é natural uma resposta firme da parte chinesa. Washington sempre segue o mesmo padrão de criar um problema em primeiro lugar e depois usá-lo para alcançar os próprios objetivos. Mas nenhuma tentativa dessa natureza de fugir da responsabilidade muda o fato de quem iniciou as provocações. Isso não tem nada a ver com a chamada reação exagerada que Washington argumentou.

Henry Kissinger, que participou das negociações para normalizar as relações China-EUA 50 anos atrás, testemunhou como a questão de Taiwan foi adequadamente tratada com base no princípio de "Uma só China". Em seu livro "Sobre a China", ele conclui: "Que grande conquista seria se EUA e China pudessem unir esforços não para chocar o mundo, mas para construí-lo!".

Mais recentemente, ele observou: "Os EUA não deveriam, por subterfúgio ou por um processo gradual, desenvolver algo como uma solução de ‘duas Chinas'". Chegou a hora de Washington repensar sua política em relação à China.

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