Após impasses com governo Bolsonaro, Maduro não vai participar de posse de Lula

Viagem do ditador da Venezuela é inviabilizada por portaria do atual presidente e não seria liberada a tempo pelo petista

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Brasília

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, não virá ao Brasil para a cerimônia de posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro de 2023, em Brasília.

O futuro governo deixou de negociar a viabilização da vinda do líder do país vizinho, segundo informação antecipada pelo UOL e confirmada pela Folha.

O obstáculo para a vinda do ditador venezuelano ao Brasil é uma portaria publicada em agosto de 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que impede a entrada de autoridades do alto escalão da Venezuela no país. O atual chefe do Executivo reconheceu Juan Guaidó, líder da oposição venezuelana, como chefe de Estado legítimo do país vizinho.

Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na apresentação do relatório final da equipe de transição de governo, em Brasília - Ueslei Marcelinho/Reuters

Segundo o texto, as autoridades venezuelanas estariam "atentando contra a democracia, a dignidade da pessoa humana e a prevalência dos direitos humanos". A Venezuela é hoje o segundo país em número de refugiados, com 5,6 milhões, atrás apenas da Síria, em guerra civil desde 2011.

Como mostrou a coluna Painel, o governo Bolsonaro recusou, em 9 de dezembro, um pedido feito pelo gabinete de transição de Lula de revogação da portaria para que Maduro pudesse viajar ao Brasil para a posse do presidente eleito.

O vice-presidente eleito e coordenador do governo de transição, Geraldo Alckmin (PSB), chegou a telefonar para representantes do atual governo, mas a resposta à solicitação foi negativa.

Com esse entrave, para que Maduro pudesse comparecer à posse de Lula, o Palácio do Planalto precisaria emitir uma decisão em 1º de janeiro, o que, na prática, inviabilizaria a viagem do líder venezuelano.

Segundo fontes diplomáticas, os impasses foram explicados a Caracas, e a mensagem foi recebida com compreensão diante da expectativa de restabelecimento da relação entre os países quando Lula assumir a Presidência.

O embaixador Mauro Vieira, futuro ministro das Relações Exteriores, já antecipou que os vínculos do Brasil com a Venezuela serão restabelecidos no primeiro dia da gestão petista.

O processo, segundo o chanceler, vai se dar primeiro com o envio de um encarregado de negócios para avaliar a reabertura da embaixada e do consulado do Brasil em Caracas, fechados desde 2020.

Para a posse do terceiro mandato de Lula, o Itamaraty convidou chefes de Estado de países que mantêm relações diplomáticas com o Brasil.

De acordo com a transição de governo, já confirmaram presença presidentes de países da Europa, como Alemanha (Frank-Walter Steinmeier) e Portugal (Marcelo Rebelo de Sousa), da África, como Angola (João Lourenço) e Cabo Verde (José Maria Neves), da Ásia, como Timor Leste (José Ramos-Horta), e das Américas, como Argentina (Alberto Fernández) e Chile (Gabriel Boric).

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