Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia completa ogiva nuclear do 'torpedo do Juízo Final'

Anúncio extraoficial ocorre duas semanas depois de fragata com hipersônicos ir ao Atlântico

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São Paulo

A Rússia diz ter completado as primeiras ogivas nucleares para serem instaladas no Poseidon, apelidado de "torpedo do Juízo Final", uma das "armas invencíveis" anunciadas por Vladimir Putin em 2018.

O anúncio, feito de forma não oficial em uma reportagem da agência de notícias estatal russa Tass, ocorre em meio a um momento crítico na Guerra da Ucrânia —sendo assim desenhado para ser um lembrete acerca das capacidades militares do Kremlin ao Ocidente.

Putin a bordo de um cruzador durante exercício naval no mar Negro
Putin a bordo de um cruzador durante exercício naval no mar Negro - Alexei Drujinin - 9.jan.20/Sputnik/Reuters

A reputação das Forças Armadas russas foi seriamente afetada devido à campanha errática no vizinho, invadido em fevereiro de 2022. Após retomar a iniciativa em Donetsk, uma das regiões que anexou ilegalmente em setembro, Putin parece disposto a iniciar o ano sacando cartas nucleares novamente.

Ele havia feito isso em diversos momentos, mesmo antes do início do conflito. Na semana retrasada, a Rússia enviou para o Atlântico a sua primeira fragata armada com mísseis hipersônicos Tsirkon, que podem ou não serem equipados com ogivas nucleares.

Agora é a vez do enorme torpedo de 24 metros, que tem características de drone, podendo, segundo os russos, guiar-se de forma autônoma. "As primeiras cargas de munição do Poseidon foram produzidas, e o submarino Belgorodo irá recebê-las no futuro próximo", afirmou a Tass.

A arma é inovadora e foi inicialmente vista com ceticismo no Ocidente, mas hoje é parte das preocupações estratégicas dos EUA. Ela descende de uma ideia dos tempos de Josef Stálin na União Soviética: um torpedo que destruísse portos a milhares de quilômetros de distância.

Segundo a Tass, seu sistema de propulsão está pronto. Ele é composto por um pequeno reator nuclear, proporcionando até 70 nós (130 km/h) de velocidade, o dobro do desenvolvido por submarinos. Segundo Putin anunciou, pode atingir alvos a mais de 10 mil km.

Sua ogiva, de acordo com analistas militares russos, pode ter até 2 megatons, um padrão que foi abandonado nos mísseis intercontinentais modernos, que privilegiam múltiplas bombas com potência menor. O objetivo é explodir perto de áreas costeiras, criando um tsunami localizado e radioativo.

Parece ficção científica, mas, como avaliou o Instituto Naval dos EUA em relatório do ano passado, "talvez o ponto mais assustador seja o potencial de operação autônoma". A revisão da Postura Nuclear de Washington em 2022 incluiu o Poseidon como "armas inovadoras" para atacar "o território americano".

O K-329 Belgorodo, coincidentemente batizado com o nome de uma região junto à fronteira ucraniana que tem sofrido ataques pontuais de drones, foi desenhado especialmente para transportar seis unidades do monstrengo submarino. Ele também carrega outros submersíveis em seu ventre e dorso.

O Poseidon, acerca do qual quase não há detalhes técnicos, é uma plataforma de emprego de armas nucleares que não está coberta pelo Novo Start, o último tratado de limitação desse tipo de ameaça. Ele indica que Rússia e EUA podem ter 1.600 ogivas prontas para uso em mísseis lançados de terra, mar e ar.

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