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Parlamento do Peru barra até agosto novas tentativas de antecipar eleições

Substituição da atual presidente é vista como única via para acalmar convulsão social no país

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Lima | AFP

O Congresso do Peru bloqueou nesta sexta-feira (3) qualquer tentativa de debate sobre a antecipação de eleições nos próximos cinco meses.

Com isso, o Parlamento busca fechar o caminho para a substituição da presidente, Dina Boluarte, e do próprio Legislativo —duas das principais demandas dos manifestantes que têm tomado as ruas do país desde o afastamento do líder populista Pedro Castillo, no fim do ano passado, após uma tentativa fracassada de golpe.

Manifestantes participam de passeata contra o governo em Lima, no Peru - Alessandro Cinque - 2.fev.23/Reuters

A Comissão de Constituição do Congresso alegou razões técnicas para a rejeição da iniciativa de antecipar o pleito, apresentada pela própria Dina. Agora, a questão só poderá a ser discutida em julho, quando tem início um novo ano legislativo.

O rechaço final se dá após uma série de tentativas frustradas de realizar eleições gerais de forma adiantada em outubro. Até aqui, o único aval dado pelo Parlamento peruano foi para que elas ocorressem em abril de 2024, conforme aprovado em votação em dezembro passado, mas apenas em primeiro turno. Originalmente, o mandato de Castillo (e portanto de Dina, que assumiu por ser sua vice) iria até 2026.

No contexto atual, que acumula convulsão social, crise política e descrédito dos líderes no poder, analistas veem como única via possível para antecipar as eleições uma renúncia de Dina Boluarte. Isso levaria o presidente do Congresso, José Williams, a assumir a Presidência, com a obrigação de convocar uma nova votação imediata.

O dissenso entre os congressistas convive com o caos social que não dá sinais de apaziguamento. Relatório mais recente da Defensoria Pública peruana registrou 80 pontos de bloqueio de rodovias nacionais e protestos em pelo menos 15 províncias —duas delas, Andahuaylas e San Román, registram ainda greves parciais.

Ao menos 59 pessoas morreram desde o início das manifestações, a maioria em decorrência de enfrentamentos com as Forças Armadas.

Recentemente, os protestos, até então concentrados nas regiões andinas, curral eleitoral do ex-presidente, também chegaram a Lima.

O centro histórico da capital foi palco de mais uma passeata na sexta, com dezenas de pessoas entoando frases como "o povo está nas ruas por causa do Congresso" e "Dina e o Congresso, a mesma porcaria". Atos voltaram a acontecer neste sábado (4), lá e em outras partes do território.

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