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Cautela máxima

Atos bolsonaristas do 7/9 demandam segurança proporcional às ameaças colocadas

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Vista aérea da Esplanada dos Ministérios, em Brasília - Ana Volpe - 22.jul.15/Agência Senado

Em mais uma contribuição de Jair Bolsonaro para o bestiário da política brasileira, o 7 de Setembro tornou-se um motivo de preocupação.

Não é de hoje que o bolsonarismo explora símbolos associados ao orgulho nacional, como a camisa da seleção de futebol. Entretanto a tentativa de usar o Dia da Independência para celebrar a afronta do Executivo aos outros Poderes consiste em novidade.

Nas últimas semanas, ganhou proporções alarmantes a crise provocada pelo mandatário com sua campanha para desqualificar o sistema eleitoral —uma reação à perspectiva palpável de ver-se derrotado nas urnas em 2022.

Respostas efetivas no âmbito do Judiciário, como as investigações sobre atos golpistas, ou do Legislativo, como o enterro do voto impresso, foram recebidas com novos e mais agressivos ataques do presidente e de seus seguidores.

A situação deixa de ser anedótica quando se veem elementos que justificam medidas cautelares para evitar a materialização da violência pregada por valentões de rede social, como as aplicadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra apoiadores do presidente por meio do inquérito das fake news.

Bolsonaro aposta num caos que não deve ganhar corpo, mas nem por isso inexistem riscos reais. Não menos porque parte do apoio que o chefe do Executivo ainda mobiliza reside no mundo da segurança pública e dos militares.

O episódio da manifestação bolsonarista de um coronel da Polícia Militar paulista, chefe de 5.000 soldados, foi especialmente preocupante. O arremedo de agitador foi logo corretamente afastado pelo governador João Doria (PSDB).

Evitou-se a repetição do vexame imposto às Forças Armadas no caso do general Eduardo Pazuello, que violou as normas da caserna ao dividir um palanque com Bolsonaro e saiu ileso de punições.

Um alento veio do discurso apaziguador proferido na quarta-feira (25), Dia do Soldado, pelo comandante do Exército, Paulo Sérgio Oliveira, em contraste com arroubos politiqueiros de ministros fardados. Mais incertas, porém, são as inclinações nas polícias estaduais.

Urge que autoridades competentes, nas unidades da Federação e no Poder Judiciário, vigiem e coíbam qualquer movimento que sugira violação da normalidade constitucional nesses dias que precedem os atos do 7 de Setembro.

A proteção a alvos em potencial de militantes celerados, em especial o STF e o Congresso Nacional, também se faz imperiosa no feriado. Espera-se que o governo do Distrito Federal planeje e execute um rigoroso esquema de segurança, suficiente para desencorajar vândalos e golpistas.

editoriais@grupofolha.com.br

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