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Por mais competição

Google fracassou ao concorrer com Facebook, mas barreira em mensagens é menor

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Logos de Facebook, Whatsapp and Instagram - Dado Ruvic/Reuters

A queda das plataformas do Facebook por mais de sete horas expôs a dependência gigantesca de pessoas de todo o planeta em relação aos aplicativos do grupo.

O alcance dos serviços da empresa californiana impressiona por qualquer parâmetro. Estima-se que 2,7 bilhões de pessoas, cerca de um terço da população mundial, faça uso de algum dos três programas que saíram do ar nesta semana: Facebook, Instagram e WhatsApp. O tempo que cada usuário dedica a esses aplicativos mostra-se significativo, na casa de horas diárias, em muitos países.

Não é saudável que tanta gente esteja sujeita a tamanho problema por causa de um incidente interno de uma companhia.

A situação mais complicada é a da rede social chamada Facebook, criada em 2004 por Mark Zuckerberg.

Fica evidente que há pouco o que a população de qualquer país possa fazer de pronto em uma situação como essa. Trata-se de monopólio de magnitude mundial, e não existe nada à disposição das pessoas para substituí-lo de pronto.

Mesmo o Google, outro gigante digital, falhou ao tentar criar sua própria rede social, o Google+.

O caminho, nesse caso, passa por melhor regulação, notadamente sobre os ainda pouco transparentes mecanismos de publicidade da rede e de uso dos dados de cada usuário —no fim das contas, a maneira pela qual os internautas remuneram o serviço supostamente gratuito da plataforma. É uma saída que pode favorecer a competição a médio prazo.

Já em relação ao WhatsApp, a queda desta semana demonstra que há oportunidade para o fortalecimento de opções ao aplicativo.

Tecnológica e financeiramente, a barreira de entrada é bem menor, e já existem opções disponíveis no mercado, como demonstrou o influxo de usuários no Telegram durante o apagão de agora.

Comprado em 2014 pelo Facebook, o WhatsApp não é o aplicativo líder para troca de mensagens em muitos países. Nos EUA, há uso muito forte do iMessage, da Apple, e do SMS das operadoras de telefonia, ofertado sem custo adicional em pacotes de serviço. No Japão, o número um é o aplicativo Line; na China, domina o WeChat.

A paralisação desta segunda (4) mostrou também que há diferença quanto à necessidade de uma rede social e de um aplicativo de mensagens —o transtorno causado pela ausência do segundo é maior.

Muitos negócios estabeleceram seu modelo de atendimento aos clientes no ambiente do próprio WhatsApp. Tal dependência econômica, que não é desejável, ficou escancarada nesta semana. Para outras empresas do mundo da tecnologia, grandes ou pequenas, o episódio desnuda uma oportunidade para criar concorrência no negócio de aplicativos de comunicação.

editoriais@grupofolha.com.br

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