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Contra a dengue

Desafio tecnológico para laboratórios, vacina é desenvolvida com sucesso no país

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Ação de combate à dengue em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

O Instituto Butantan conquistou reconhecimento nacional, em 2021, ao oferecer para o país todo a Coronavac, menos de um ano após os primeiros casos de Covid. O centro de referência nacional em biotecnologia prepara, agora, uma vacina contra a dengue, informa o jornal O Estado de S. Paulo.

Embora menos ameaçadores do que cepas do Sars-CoV-2, os quatro sorotipos do vírus DENV dão muito trabalho ao sistema de saúde pública. De janeiro até o começo deste mês, registraram-se 1,4 milhão de casos prováveis no país.

Configura-se alta de 172% sobre 2021 e retorno à situação preocupante de 2019. A doença, reintroduzida no Brasil nos anos 1980, provocou 978 mortes em 2022.

O combate ao Aedes aegypti ainda deixa muito a desejar. Além da dengue, o inseto transmite zika, chikungunya e febre amarela. Diz muito sobre a precariedade da saúde pública que a urbe mais afetada seja justamente o Distrito Federal, com 67.274 casos (2.174/100 mil).

Diante do fracasso em controlar o mosquito, as expectativas recaem sobre uma vacina, cujo desenvolvimento frustrou laboratórios por décadas. Um imunizante da farmacêutica francesa Sanofi teve 60% de eficácia, mas a aplicação foi restringida após reações adversas graves em alguns inoculados.

Outro produto, da japonesa Takeda, provou-se 80% efetivo e se encontra em análise pela Anvisa. Já o Butantan anuncia agora resultado similar (79,6%) para imunizante desenvolvido a partir de antígenos dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH).

O teste no Brasil ocorre em parceria com a empresa de origem americana MSD. Mais de 16 mil voluntários de 2 a 59 anos participaram do teste clínico de fase 3, realizado em 14 estados do país. Os resultados ainda são preliminares e só devem ser submetidos para publicação em periódicos médicos auditados no ano que vem.

O Butantan teria capacidade para produzir 50 milhões de doses anuais do imunizante, assim que a Anvisa aprovar o medicamento. Será mais uma vacina produzida no instituto, que já fornece outras oito para o Ministério da Saúde.

Muito da atual capacidade biotecnológica do Butantan resulta do pioneirismo e da liderança do pesquisador Isaias Raw, que retornou do exílio no final dos anos 1980, após cassação pelo AI-5. Raw morreu na terça-feira (13), e a vacina antidengue é mais um item de inegável valor sanitário em seu legado.

editoriais@grupofolha.com.br

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