Descrição de chapéu
Julio Wiziack

Haddad precisa de um milagre

Sua estratégia nesse início de governo é meter a mão em um ou vários vespeiros

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Julio Wiziack

Repórter especial em Brasília, cobre os bastidores de economia e negócios. Na Folha desde 2007, foi vencedor dos prêmios Esso e Embratel, em 2012

Destila-se em Brasília o seguinte veneno: que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, montou uma equipe para comandar as finanças de uma cidade, enquanto o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, escalou um time para pilotar a economia do país.

Deixando de lado a injusta depreciação de excelentes técnicos escolhidos por Haddad, há verdades embutidas na provocação.

Mercadante diz que não queria ser ministro. Diante da escolha de Lula por Haddad, foi um dos primeiros a apoiar o ex-prefeito de São Paulo para o comando da Fazenda.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participam de debate temático sobre juros, no Senado Federal - Pedro Ladeira/Folhapress

O desempenho do chefe da economia no cargo pode cacifá-lo como candidato à sucessão presidencial em 2026. Isso se tudo der certo. Se der errado, a bola pode sobrar para Mercadante.

Para que Haddad chegue lá, há um Everest de adversidades a escalar. Por hora, ele já se desgasta.

A nova âncora fiscal mal começou a tramitar no Congresso e o ministro ganhou inimigos contrários ao plano de redução de subsídios, um dos pilares para a geração de receitas.

A bancada das pequenas e médias empresas pensou em retaliações com a possibilidade de R$ 80 bilhões em cortes no Simples Nacional. Haddad rapidamente desistiu da ideia.

Embora seja totalmente defensável pela baixa efetividade de muitos desses incentivos, sua estratégia nesse início de governo é meter a mão em um ou vários vespeiros.

Para fechar sua conta de R$ 150 bilhões em redução de incentivos tributários, terá de optar entre a Zona Franca de Manaus (R$ 55 bilhões em renúncias), entidades sem fins lucrativos, como Santas Casas (R$ 35 bilhões), agronegócio (R$ 55 bilhões), deduções de IR com saúde e educação (R$ 30 bilhões), e por aí vai.

Enquanto isso, Haddad faz coro para Lula contra o BC, pela redução da Selic, a taxa básica. O próprio ministro, no entanto, é que precisa tomar medidas criando condições para essa queda.

Haddad tenta o possível para acelerar a economia quando, no fundo, precisa mesmo é de um milagre.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.