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Dione Almeida

Ainda sobre inclusão e diversidade no mundo digital

Falta de investimento impõe perda de produtividade e, também, de talentos

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Dione Almeida

Secretária-geral adjunta da OAB-SP

Algoritmos, inteligência artificial, empresas em rede. A palavra-chave é conexão.

Conexão em rede sempre será, também, sobre pessoas, daí a necessidade de diversidade e inclusão como compromisso ético e como plano de negócio e de gestão financeira. A diversidade e inclusão de gênero e raça são pilares de sustentabilidade e sucesso de qualquer empresa.

Diversidade exige transformação do ambiente, de mudança de paradigmas e de traçar estratégias para a promoção do trabalho das pessoas integrantes do grupo de vulnerabilizados e que ficaram às margens de um direito que ignorou gênero e raça como construções sociais que determinam os lugares a serem ocupados. Essas normas aparentemente neutras têm impactado de forma desproporcional na vida das mulheres e dos negros, principalmente na vida das mulheres negras.

A advogada Dione Almeida, secretária-geral adjunta da OAB-SP - Gabriel Cabral/Folhapress

Se o direito antidiscriminatório é um divisor de águas por buscar a proteção das pessoas que pertencem aos grupos historicamente discriminados, a diversidade e inclusão vêm numa virada de chave nas relações de trabalho e nos planos de negócios, pois uma empresa que promove a diversidade e a inclusão é mais atrativa tanto para o mercado consumidor quanto para os investidores.

Em 2018, a Consultoria do Pacto Global das Nações Unidas apontou que a igualdade de gênero agrega em média 21% no lucro e que impacta na imagem da empresa junto aos clientes e à sociedade, mesma oportunidade em que destacou que as companhias que ampliaram a presença de mulheres em até 30% nos cargos de liderança obtiveram um aumento de 15% na rentabilidade.

A diversidade de gênero e raça também impacta positivamente na produtividade das empresas. O Instituto Identidades do Brasil, por meio do estudo realizado entre 2010 e 2019, apontou que para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial houve um crescimento de aproximadamente 4% na produtividade das empresas —ao passo que para cada 10% de acréscimo da diversidade de gênero cresce a produtividade corporativa em quase 5% .

Perdemos em produtividade e lucratividade quando não investimos em inclusão e diversidade nas relações de trabalho; mais que isso, perdemos grandes talentos.

Promover a diversidade e inclusão é um exercício diário, um desafio que deve ser enfrentado pelos escritórios de advocacia e por todas as empresas, inclusive as que envolvem inteligência artificial e programação de algoritmos, sob pena de perpetuarmos a discriminação "analógica" enquanto migramos para a discriminação algorítmica —o que já é uma realidade e merece atenção.

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