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O que a Folha pensa inflação

Melhor que o esperado

Na economia global, ano termina com inflação em queda sem a temida recessão

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Monitor com dados de transações da bolsa de valores de Nova York (EUA) - Andrew Kelly/Reuters

A principal notícia positiva do ano na economia mundial foi o declínio rápido da inflação sem correspondente aumento do desemprego. A combinação auspiciosa agora abre espaço para alívio nos juros nos principais centros financeiros, os EUA e a zona do euro, e reduz os riscos de uma recessão.

Nos Estados Unidos, a alta dos preços ao consumidor passou de 6,4% em 2022 para esperados 3,1% neste ano. Índices que excluem itens mais voláteis, como alimentos e energia, já correm em torno de 2%, compatíveis com a meta.

Enquanto isso, a economia americana mantém vigor. Mesmo com juros em 5,5% anuais, patamar elevado para os padrões das últimas duas décadas, o PIB deve crescer perto de 2,5% em 2023, impulsionado pelo consumo das famílias e por aceleração de investimentos.

O desemprego se mantém em 3,7%, patamar muito próximo do mínimo histórico, com forte criação de novas vagas e expansão da população ativa. Mesmo assim, os aumentos salariais estão em nível que não pressiona a inflação.

Os bons resultados não deixam de surpreender, por destoarem de ajustes anteriores —que em geral implicaram alta da desocupação como mal necessário para conter o avanço dos preços.

Desta vez, ao menos até agora, tal padrão não se repetiu. As razões ainda são debatidas, mas podem derivar da configuração única que foi legada pela crise sanitária.

Os choques em vários setores até 2022, causados pela interrupção de cadeias logísticas e pela mudança no padrão de demanda, agora retrocedem naturalmente.

O mesmo ocorre na Europa, que sofreu ainda com elevados custos de energia, em razão da Guerra da Ucrânia, que agora se normalizam.

Já a Ásia está em outro momento do ciclo econômico, com quadro de fraqueza de demanda e risco deflacionário, caso da China, mas sem que se vislumbre uma recessão.

As expectativas para 2024 são em geral positivas, com o alívio monetário e a atividade em crescimento. Um ano de transição em que se vislumbra a possibilidade de um novo ciclo de expansão de produtividade, desta vez impulsionada por aplicações de inteligência artificial.

Os maiores riscos parecem ser geopolíticos, com eleições nos EUA que poderão amplificar tendências isolacionistas, além de conflitos na Europa e no Oriente Médio.

O Brasil pode se beneficiar desse contexto internacional. A aprovação da reforma tributária é um passo positivo que pode colocar o país novamente no mapa de investimentos, desde que haja solidez na gestão da economia.

editoriais@grupofolha.com.br

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