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O que a Folha pensa mudança climática

O ano mais quente

Recordes em 2023 mostram que gestão do clima não mira mais um futuro distante

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Termômetro de rua marca 40ºC em São Paulo (SP) - Sebastião Moreira - 24.nov.23/EPA-EFE/REX/Shutterstock

A Revolução Industrial proporcionou que a humanidade realizasse feitos notáveis, do aumento geral da oferta de bens até a ida à Lua. Esse mesmo desenvolvimento é também responsável pelo desequilíbrio do ecossistema da Terra.

Durante bilhões de anos, o planeta já passou por diversas transformações radicais, algumas levando a extinções em massa. A diferença é que, agora, são ações humanas que vêm afetando o meio ambiente em grande velocidade, e a mudança climática é o sintoma mais contundente desse processo.

O observatório Copernicus, da Agência Espacial Europeia, confirmou o que a população mundial sentiu na pele: 2023 foi o ano mais quente desde o início da série histórica de medições, em 1850.

A média global foi de 14,98°C, 0,17°C a mais do que o recorde anterior, de 2016. Foi a primeira vez em que todos os dias superaram em 1ºC os níveis pré-industriais (1850-1900). Metade deles ficaram 1,5ºC acima e em dois dias a diferença atingiu 2°C —o que nunca havia sido registrado. A temperatura média foi 1,48ºC acima dos patamares do período de referência.

No Brasil, 2023 também foi o ano mais quente desde 1961, início da série histórica do Instituto Nacional de Meteorologia. A temperatura média foi de 24,92°C, superando a média história em 0,69ºC.

O país viveu eventos climáticos extremos, como seca inaudita na Amazônia, tempestades e enchentes no sul, e seguidas ondas de calor.

O El Ninõ, que aquece as águas dos oceanos, contribui para a alta mundial dos termômetros, mas as temperaturas dos oceanos já haviam atingido recordes em abril, e o fenômeno teve início em julho.

A responsável pelas anomalias de temperatura é a emissão de gases que provocam o efeito estufa, notadamente aqueles oriundos da queima de combustíveis fósseis, responsáveis por 75% das emissões. O mecanismo é velho conhecido, mas até agora pouco foi feito para acabar com a dependência de petróleo, carvão e gás natural.

O documento final da COP28, a conferência do clima da ONU, foi tímido no intuito de eliminar a queima de combustíveis fósseis.

O Acordo de Paris, de 2015, estabeleceu que deve-se manter a alta da temperatura global de preferência até 1,5°C. Para cumpri-lo, seria necessário cortar as emissões de carbono em 43% até 2030 e eliminá-las até 2050, mas elas só crescem.

Entende-se a relutância em alterar meios que geraram prosperidade até aqui. Mas não se trata mais de planejar um futuro distante.

editoriais@grupofolha.com.br

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