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Murilo Cavalcanti

Colômbia segue dando bons exemplos

Territórios vulneráveis devem ser observados como centros de oportunidades

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Murilo Cavalcanti

Secretário de Segurança Cidadã do Recife

A violência se alastra em toda a América Latina, deixando um rastro de destruição, dor, sofrimento e vidas perdidas —principalmente de nossos jovens, o maior patrimônio de uma nação. É inquietante e assustador o poder bélico e financeiro das organizações criminosas em toda a América Latina. Territórios dominados por grupos armados, com armas de alto poder de destruição.

E o que é pior: com a cumplicidade e/ou omissão dos governos, como é o caso do Rio de Janeiro. Há solução? Não é fácil. O tema é muito complexo e não há solução de curto prazo, tampouco uma fórmula mágica. Mas a nossa vizinha Colômbia tem apontado alguns caminhos para domar o crime urbano e minar o poderio dos cartéis de drogas e das facções criminosas que teimam em querer substituir o Estado nos territórios vulneráveis.

Nos anos 1980 e 1990, a Colômbia estava literalmente mergulhada no caos. Vivia a tempestade perfeita: Estado corrompido por cartéis de drogas e instituições acuadas e fragilizadas por grupos armados.

Medellín, a segunda cidade mais importante do país, era a mais violenta do mundo. Bogotá, a capital mais violenta da América Latina. Uma safra de bons prefeitos, aliada a uma nova geração de empresários e uma sociedade que se encontrava exausta de tantos percalços ditados pela guerra civil, fez surgir na Colômbia uma luz no fim do túnel.

As Forças Armadas colombianas foram modernizadas, treinadas e capacitadas para ajudarem na reconstrução do país. A Polícia Nacional foi reestruturada e preparada para enfrentar o crime urbano. Os prefeitos, principalmente de Medellín e Bogotá, passaram a enxergar os territórios vulneráveis de maior pobreza como lugares potentes e de oportunidades. O urbanismo social foi um poderoso instrumento de pacificação das favelas e redução das distâncias físicas, éticas e morais entre a cidade periférica e a cidade formal, único caminho seguro para a tão almejada paz social.

A primeira infância passou a ser a prioridade de todas as prioridades entre as políticas públicas do governo central e dos gestores municipais. Elementar. Cuidando da primeira infância —seguindo os conselhos de James Heckman (Prêmio Nobel de Economia—, nos últimos 20 anos nossos vizinhos formaram uma nova geração de não delinquentes.

Ao domar o crime urbano, a Colômbia se abriu para o turismo internacional. Hoje, Medellín é o principal destino turístico do país —e notadamente do turismo comunitário, na Comuna 13, algo inimaginável há 15 anos. A cidade, que já foi considerada a mais violenta, recebeu recentemente o prêmio de mais inovadora do mundo e registrou, em 2023, a menor taxa de homicídios dos últimos 40 anos.

Enquanto isso, o que vemos acontecer no Equador é fruto da corrupção, omissão e fragilidade das autoridades públicas que, em vez de governar pensando numa sociedade mais justa e equitativa, alinham-se com grupos delinquentes que tocam o terror.

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