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Ensino atrasado

Governos devem sanar distorção entre série e idade, que piorou com a pandemia

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Alunos do 2º ano do ensino fundamental na Escola Municipal Remo Rinaldi Naddeo, em São Paulo (SP) - Fábio Pescarini/Folhapress

A defasagem entre a idade dos alunos e a série que eles cursam é um problema histórico da educação brasileira, que a pandemia de Covid-19 agravou ainda mais.

É necessário, portanto, que o poder público esteja atento e desenvolva estratégias para diminuir os efeitos perniciosos que essa distorção gera no aprendizado.

Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), de 2014, era manter o patamar mínimo de matrículas de crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos no ensino fundamental em 95% até 2024.

Contudo, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) Educação, divulgada na sexta (22), em 2023, 94,6% desse estrato estava inscrito nessa que é a etapa correta do ensino para a referida faixa etária.

É a primeira vez, desde o início da série histórica em 2016, que o nível fica abaixo de 95%. Os números mostram que a crise sanitária iniciada em 2020 interrompeu uma trajetória ascendente.

Em 2016, o índice era de 96,7%, e atingiu 97,4% em 2018. Já em 2022, caiu a 95,2% até chegar ao atual, abaixo do objetivo do PNE.

Devido à pandemia, alunos da educação infantil (crianças de 4 e 5 anos) atrasaram a entrada no sistema de ensino. Com o fim da quarentena, aquelas de 6 ou 7 anos, que deveriam estar nas primeiras séries do ensino fundamental, acabaram matriculadas na etapa anterior.

De acordo com a Pnad, em 2019, 11% das crianças de 6 anos estavam na pré-escola. No ano passado, o número saltou para 29%.

A distorção entre série e idade tende a provocar uma reação em cadeia, pois pode desestimular os estudos, elevando assim as taxas de reprovação e de evasão escolar.

Levantamento de dados do Inep, ligado ao Ministério da Educação, feito pela Fundação Itaú mostrou que 48% das pessoas nascidas entre 2000 e 2005 não concluíram o ensino fundamental na idade correta; no ensino médio, foram 59%.

Governos em todas as esferas devem monitorar a situação e criar planos para sanar esse efeito nefasto da pandemia na educação, com acompanhamento pedagógico específico e aulas de reforço para os estudantes em defasagem.

editoriais@grupofolha.com.br

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