Descrição de chapéu Twitter

Bolsonaristas vão às redes e apoiam Musk após ataques a Moraes

Bolsonaro publicou vídeo com empresário e escreveu que ele 'é o mito da nossa liberdade'

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São Paulo

Os ataques do empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), ao ministro do STF (Supremo Tribunal) Alexandre de Moraes, levou bolsonaristas a manifestarem apoio ao empresário nas redes. Por outro lado, o advogado-geral da União, Jorge Messias, fez uma crítica indireta ao empresário e defendeu a regulamentação das redes sociais.

Neste domingo (7), Musk afirmou que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment. No mesmo texto, afirma que em breve publicará tudo o que é exigido pelo ministro e "como essas solicitações violam a legislação brasileira".

O imbróglio vem em meio a uma nova convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de um ato de apoiadores, no dia 21 de abril, no Rio de Janeiro, depois do realizado em 25 de fevereiro em São Paulo, na avenida Paulista.

O empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter) e presidente-executivo da Tesla, em evento em Paris - Gonzalo Fuentes - 16.jun.2023/Reuters

Nas redes, bolsonaristas também passaram a relacionar os dois eventos, dizendo que Musk estava convidado para o protesto e exaltando a defesa da liberdade nas ruas.

No sábado (6), menos de uma hora depois de um perfil institucional do X postar que bloqueou "determinadas contas populares no Brasil" devido a decisões judiciais, Musk retuitou mensagem em que diz que "estamos levantando todas as restrições" e que "princípios importam mais que o lucro".

Bolsonaristas foram às redes comentar o assunto. No mesmo dia, Bolsonaro publicou vídeo em que está ao lado de Elon Musk durante um evento realizado no dia 20 de maio de 2022. Na legenda, ele escreveu que o empresário "é o mito da nossa liberdade".

"Aqui me chamam de mito, não sei porque, mas você realmente é o mito da nossa liberdade. E a liberdade é o "v" zero. É o início para qualquer coisa, sem ela não somos ninguém, somos apenas um vegetal. Mas muito obrigada por esse momento. É um momento de satisfação muito grande para todos os brasileiros. Não é apenas para o governo e alguns empresários que estão aqui, pra todos nós. Nós queremos de mãos dadas contigo colaborar para que o mundo seja melhor para todos. Muito obrigado", disse Bolsonaro no vídeo.

Em outra postagem, o ex-presidente publicou um vídeo em que convida seus aliados para a manifestação na praia de Copacabana, no próximo dia 21, às 10h. Ele diz ainda que o evento dará continuidade ao ato que aconteceu em São Paulo.

"Estamos discutindo, levando informações para vocês juntamente com autoridades e o pastor Silas Malafaia sobre o nosso estado democrático de direito e também falarmos sobre a maior fake news da história do Brasil, que está resumido hoje na minuta de golpe. Convido mais uma vez todos vocês a comparecer e em especial cariocas e fluminenses. Vamos lá lutar pela nossa democracia, pela nossa liberdade. Até lá se Deus quiser", disse Bolsonaro no vídeo.

Para o deputado estadual bolsonarista Gil Diniz (PL-SP), Musk "só está expondo ao mundo o que falamos diariamente da tribuna, nas redes e nas ruas". Questionado sobre o ato no Rio ter ataques ao ministro do STF, algo que o ex-presidente pediu que não acontecesse em São Paulo, Diniz afirmou que a orientação deve ser a mesma, apesar do embate envolvendo Musk.

"Não precisamos atacar o ministro, as decisões dele já falam por si e revelam muito mais sobre ele do que sobre nós", completa.

No sábado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) respondeu a Musk após o empresário comentar uma publicação de janeiro de Moraes e perguntar o porquê de 'tanta censura'. Eduardo afirmou que o caso Daniel Silveira seria um dos exemplos. E disse que está preparando um requerimento para promover uma audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados sobre o "Twitter Files Brasil e censura", com a participação de um representante do X.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também se manifestou sobre o assunto. "Histeria total na esquerda. @elonmusk keep going", publicou o parlamentar no X.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) repostou a mensagem de Elon Musk com um emoji de anjo.

Já a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), que assumiu este ano a liderança da minoria na Câmara dos Deputado, fez uma postagem no X dizendo que "o grande trabalho jornalístico de @shellenberger sobre os Twitter Files-Brasil revelaram a censura e perseguição a 1 espectro político. @elonmusk expos, ao mundo, os abusos, multas e banimentos impostos por @alexandre e irá suspender todas as restrições. E a mídia brasileira calada."

Em outro post, a deputada disse que a liderança da oposição e da minoria, na Câmara, têm a obrigação de apurar as denúncias apresentadas pelo X e seu empresário Elon Musk.

"A nota da empresa expõe definitivamente ao mundo o que temos denunciado há muito tempo: os brasileiros estão sofrendo várias violações de direitos humanos e da liberdade de expressão, em total afronta à Constituição e à própria democracia", escreveu no post.

Ela diz também que ainda neste domingo (7) se reunirá em Brasília "para tratar sobre medidas cabíveis a respeito dessa gravíssima situação".

O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) também fez postagens contra a regulamentação das redes sociais, em que se dirige diretamente contra o ministro da AGU, Jorge Messias.

"O Ministro da AGU do governo Lula já saiu em defesa do PL da Censura. Lutaremos para que ele não seja aprovado!", escreveu ele.

Ao longo dos últimos anos, Moraes tomou várias medidas frente a perfis de redes sociais e, tanto via STF quanto via TSE (Tribunal Superior Eleitoral), determinou a suspensão de uma série de contas de alvos de investigações, inclusive de parlamentares e do PCO.

Tal atuação se intensificou em meio às eleições de 2022 e aos atos de teor golpista que se espalharam pelo país, pedindo uma intervenção militar.

O tema suscita um complexo debate sobre a proporcionalidade da medida frente à liberdade de expressão. No caso de investigações criminais, por exemplo, não há hoje na lei uma previsão específica autorizando este tipo de medida cautelar.

Na última quarta-feira (3), Michael Shellenberger fez um post na rede social com uma série de críticas a Moraes e à atuação do Judiciário brasileiro, sob o título "Twitter Files - Brazil" (Arquivos do Twitter, em português).

O nome "Twitter Files" começou a ser usado no final de 2022 para se referir a medidas de moderação, reveladas a partir de um conjunto de documentos internos da rede e que tratavam de anos anteriores à gestão Musk.

Musk se descreve como um "absolutista da liberdade de expressão" e desde que adquiriu a rede social, em 2022, tem enfrentado polêmicas. Um dos principais focos do empresário foram as políticas de moderação da rede, sob a crítica de que teriam viés político.

A plataforma reduziu as equipes de moderação de conteúdo, e usuários e especialistas apontam o crescimento do discurso de ódio e da desinformação.

Colaborou Carolina Linhares

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