Haddad deve centrar ataques em Marta Suplicy na reta final do primeiro turno
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Marta Suplicy (PMDB) e Fernando Haddad (PT) durante colóquio da Arquidiocese de São Paulo |
Numa tentativa de criar um triplo empate na reta final da eleição paulistana, as campanhas de Fernando Haddad (PT) e Luiza Erundina (PSOL) devem centralizar sua artilharia na rival Marta Suplicy (PMDB), colando na peemedebista críticas sobre a política do presidente Michel Temer no plano nacional.
Conselheiros de Haddad, que busca a reeleição, entendem que ele não pode mais espraiar suas críticas entre Marta, João Doria (PSDB) e Celso Russomanno (PRB).
A tese é que o candidato petista deve centrar os ataques na peemedebista e nacionalizar o debate sobre a gestão paulistana, cobrando de Marta temas como a reforma trabalhista e a previdenciária, ambos em discussão no Palácio do Planalto.
A crítica já vinha sendo explorada pela campanha petista, mas de forma difusa, acusando tanto Marta como Doria e Russomanno de integrarem a base de apoio a Temer no Congresso.
A avaliação é de que os eleitores de Doria, por exemplo, podem até concordar com mudanças na Previdência, mas aqueles que são mais próximos do PT e hoje apoiam Marta, especialmente na periferia, veem a medida com reserva.
A campanha de Haddad diz ainda que 30% dos que declaram voto na peemedebista são adeptos do "Fora Temer", e que é imprescindível vincular Marta ao presidente para atrair esses eleitores.
A mesma estratégia é pregada pelo PSOL de Erundina.
"Marta tem essa memória [de atuar na esquerda] . Acredito que todos os candidatos vão trabalhar para identificá-la com Temer, [Eduardo] Cunha e Renan [Calheiros]", avalia Ivan Valente (PSOL), candidato a vice com Erundina.
VOTO ÚTIL
Marta, por sua vez, já fez críticas ao "Corujão da Saúde", proposta de Doria para viabilizar o atendimento público em hospitais privados durante a madrugada, mas sem citar o candidato.
Ela também usou sua propaganda para dizer que é contra o aumento da jornada de trabalho e criticar os que se omitem diante do assunto, numa referência a Russomanno, que disse que não opinaria sobre a reforma trabalhista porque sua candidatura poderia "naufragar".
A equipe da peemedebista evita embates diretos de olho no "voto útil", no qual o eleitor seleciona seu candidato só para evitar que um grande desafeto seja vencedor.
Assessores de Marta acreditam que podem atrair votos de eleitores afeitos à esquerda e ao PT, com o discurso de que, sem ela, o segundo turno pode ser entre Russomanno e Doria.