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Jovens líderes contam prós e contras de serem chefes no início da carreira

Profissionais encaram desafio de coordenar empresas sem nunca terem feito parte de outras equipes

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São Paulo

Jovens que assumem cargos de chefia no início da carreira enfrentam o desafio de ter que liderar um grupo de funcionários muitas vezes sem nem terem feito parte de outras equipes. A situação é especialmente comum no mundo da tecnologia e de startups.

Otto Guarnieri, 28, teve seu primeiro emprego na sua própria empresa, a Mais Mu, startup de suplementos e snacks saudáveis. Ele e mais dois colegas fundaram a companhia em 2014, quando Otto tinha 21 anos. Desde o começo, ele tem o cargo de diretor-executivo e enfrentou dificuldades de estar em uma posição de liderança tão cedo.

"O que me assustou mais foi a incerteza com o que estava por vir. Como eu faço uma reunião geral? Como eu faço planejamento estratégico? Sem ninguém nunca ter me ensinado. Como eu vou captar dinheiro sem nunca ter aprendido com alguém que me liderasse nisso?", diz.

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Jovens enfrentam desafios ao assumir cargos de liderança no início da carreira - Shutterstock / Dean Drobot

A incerteza também surge na tomada de decisões. "Você aprende errando em coisas que são óbvias para quem já tem mais experiência. Então você toma mais risco e pode dar errado ou dar certo", diz Otto.

Outro desafio que os jovens líderes têm pela frente é demonstrar credibilidade mesmo com pouca experiência.

Carolina Utimura, 26, é diretora-executiva na Eureca, plataforma digital que conecta candidatos em começo de carreira com oportunidades de emprego, e assumiu o cargo há um ano.

Para ganhar confiança ao se apresentar para pessoas mais velhas, ela criou uma estratégia.

"Quando sinto essa insegurança, tento combater com estudo. Então, o que eu vou falar precisa estar bem embasado. Qual é o artigo? Qual é o fundamento? Qual é o autor? Qual é a pesquisa? Eu sempre tenho que fazer uma fala baseada em fatos e dados."

Apesar de vivenciar esse conflito de gerações, Carolina não encara isso como algo ruim. Ela entende que precisa ser humilde para ouvir os conselhos de profissionais mais experientes.

Carolina conta com a ajuda de um mentor de 50 anos, que auxilia no seu desenvolvimento profissional e ajuda a lidar com os desafios.

"Com acesso a todo tipo de informação por conta da tecnologia, os jovens têm um preparo maior do que as outras gerações. Eles chegam achando que sabem muita coisa, mas têm a informação e não a experiência. Então, precisa ter humildade para aprender", diz Caroline Marcon, consultora, coach executiva e professora no MBA em gestão estratégica de pessoas e liderança na FGV (Fundação Getulio Vargas).

Guilherme Kodja, 23, fundador e diretor-executivo da Môveu, startup de móveis personalizados online, reconhece que ter a orientação de profissionais mais experientes na área ajudou no seu desenvolvimento profissional e pessoal.

"Eu tento me aproximar ao máximo dessas pessoas e muitas delas nos ajudam a errar menos, a evoluir mais rápido", diz.

Para aqueles que almejam cargos de liderança, a faculdade pode ser um ponto de partida. Foi assim que Thiago Avila, 24, fundador e diretor-executivo da Sigma Cash, plataforma de fidelização para estabelecimentos e carteira digital para consumidores, conseguiu sua primeira oportunidade.

Ele se formou em administração de empresas na FGV em julho deste ano. Durante sua passagem na faculdade participou de uma aceleradora de startups que o auxiliou no processo de criação de sua empresa.

Segundo ele, desempenhar um papel de líder tão cedo trouxe algumas dificuldades, entre elas garantir que a equipe esteja no mesmo nível de motivação e alinhada nas produções.

Além das aulas sobre gestão de negócios, a universidade tem ambiente que proporciona a criação de um networking.

"Você constrói relacionamentos, se depara com pessoas mais experientes e professores que podem oferecer tutoria e mentoria. Você pode aproveitar esse networking durante anos e fazer o melhor uso possível para te ajudar no desenvolvimento de habilidades de liderança", diz Bruno Andrade, professor de MBA em liderança e gestão de negócios na Saint Paul Escola de Negócios em São Paulo.

O jovem não precisa fazer uma faculdade de administração, por exemplo, para alcançar um cargo de chefia.

"Se eu estudo marketing, posso virar gerente de marketing. Se estudo engenharia química, posso ser coordenador de laboratório e gerir dez químicos. Então, algumas faculdades já trazem disciplinas de liderança porque entendem que essas habilidades de gestão de pessoas fazem parte da carreira de qualquer profissional", diz Andrade.

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