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MBAs em saúde abraçam tecnologia no pós-pandemia

Crise sanitária acelerou busca do setor por resolução de problemas de gestão

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Barra Mansa (RJ)

Os problemas enfrentados na gestão da saúde pelo país na pandemia aceleraram a implementação de conteúdo sobre inovação para a busca de soluções nos MBAs da área.

Praticamente todos os aspectos de gestão de saúde, como logística da cadeia de suprimentos, administração de profissionais em situação de estresse e administração hospitalar com alta ocupação de leitos de UTI, foram impactados pela pandemia.

A partir de demandas dos próprios alunos, trabalhadores do setor, os MBAs tiveram de buscar novas respostas e soluções para os desafios. Para isso, adotaram diferentes estratégias.

Na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Cláudia Araujo, professora e coordenadora do pós-MBA em gestão de saúde, diz que tanto a grade quanto os conteúdos de sala foram adaptados.

Retrato de Marília, uma mulher branca, com cabelos longos e castanhos; ela veste blusa marrom com listras pretas; ela está sentada, com um notebook em sua frente; a sala está decorada por flores cor-de-rosa que aparecem à direita da imagem
A enfermeira Marília Pilotto, 37, aluna do MBA em gestão de saúde na USP de Ribeirão Preto - Ricardo Benichio/Folhapress

Disciplinas antigas passaram a incluir novos conteúdos, que buscam privilegiar a qualidade dos serviços.

Disciplinas também foram criadas. Numa delas, chamada plataformas digitais em saúde, os alunos são estimulados a pensar em formas de adaptar os seus negócios para plataformas digitais. O curso da UFRJ, de dez semanas, custa R$ 25 mil e é voltado a profissionais já com experiência no mercado.

Outra inovação foi o estudo da aplicação da economia colaborativa, modelo de compartilhamento de bens e serviços, nos ecossistemas complexos da saúde, como centros médicos que oferecem diferentes especialistas.

A instituição também buscou palestrantes com experiência prática em situações parecidas. Temas como governança, segurança do paciente, coordenação de cuidados, criatividade e resiliência passaram a integrar os debates.

"A pandemia deixou claro que ter visão de gestor é fundamental na saúde, setor com demanda enorme no contexto pandêmico, recursos escassos, problemas na cadeia de suprimentos e pessoal estressado até o limite", diz Cláudia.

Marília Pilotto, 37, enfermeira há 11 anos do Samu de Sertãozinho (interior de SP), viu de perto a necessidade de os gestores se adaptarem. Para ela, responsável por algumas atividades de gestão durante a pandemia, a ausência de profissionais foi o principal desafio para a gestão. Havia muita gente afastada por doença ou questões de saúde mental.

Marília teve que buscar gente de fora, lidar com a capacitação em tempo curto e focar a retenção dos colaboradores.

Ela, que entrou na turma de 2021 do MBA em gestão de saúde da USP de Ribeirão Preto, diz que os principais pontos positivos foram a experiência prática dos professores e a troca com os alunos, a maioria gestores experientes.

"Temos que propor soluções. Não é possível que não existam outros arranjos [para os problemas da área]. O curso me deu mais subsídio para fazer questionamentos e levantar possibilidades", diz.

O programa da USP, remoto, dura dois anos e tem cerca de 300 alunos pelo país. As mensalidades são de R$ 690. Andrea Bernardes, coordenadora, atribuiu o sucesso do programa às adaptações feitas em seu conteúdo.

Ela, que também ministra aulas de liderança, conta que usou a sua disciplina para mostrar o papel de chefes na resolução de alguns problemas, como a falta de leitos.

Metodologias como o lean healthcare, que ajuda a reduzir as filas na saúde, e gestão por processos, que faz o diagnóstico da interação entre diferentes áreas da empresa, foram abordadas nas aulas de gestão de qualidade.

A instituição trouxe ainda palestrantes de fora com grande experiência prática, como Gonzalo Vecina, fundador e primeiro presidente da Anvisa, para ajudar os alunos a resolver dilemas cotidianos.

Flavia Nielsen, coordenadora da área de ensino de gestão de saúde do Hospital Israelita Albert Einstein, diz que as grades dos dois MBAs oferecidos pela instituição foram reorganizadas no início da pandemia, quando as aulas estavam suspensas. Docentes receberam novos treinamentos e metodologias foram revistas para que as abordagens funcionassem também a distância.

Temos que propor soluções. Não é possível que não existam outros arranjos [para os problemas da área]

Marília Pilotto

enfermeira em Sertãozinho (SP) e aluna de MBA da USP

A avaliação da coordenadora sobre os resultados da reformulação quando as aulas voltaram, primeiro remotamente e agora no modelo híbrido, é positiva. Segundo ela, o formato flexível deve seguir no curto prazo.

O Einstein oferece dois MBAs, um executivo em gestão de saúde (R$ 66 mil) e um em liderança e gestão pública em saúde (R$ 60 mil). Ambos duram um ano e meio.

O hospital também está trabalhando com a possibilidade de oferecer, daqui a alguns anos, um curso de gestão de saúde em espanhol, para toda a América Latina.

Cláudia Araujo, da UFRJ, diz que MBAs, como um todo, são dinâmicos e sempre incorporam novidades às grades.

Segundo ela, a consolidação da telemedicina, o aumento de startups nos setor e o uso de ferramentas digitais devem tomar as discussões nas aulas dos próximos anos.

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