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É jornalista e vive em Nova York desde 1985. Foi correspondente da TV Globo, da TV Cultura e do canal GNT, além de colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.

Descrição de chapéu Governo Biden

Política eleitoral nos EUA continua refém de Donald Trump

Elon Musk ignora risco de incitação à violência ao falar no fim do banimento do político no Twitter

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Donald Trump está de volta. Trump, é claro, nunca foi embora. A partir de agora, vamos prestar mais atenção ao pornográfico sociopata apoiado por 6 em cada 10 eleitores republicanos. Eleições primárias estaduais testaram o poder do ex-presidente de ungir suas ovelhas para as midterms, as eleições legislativas de meio de mandato.

Elon Musk, o homem (e troll) mais rico do mundo, prometeu trazer @realDonaldTrump de volta, se emplacar a compra do Twitter com US$ 13 bilhões emprestados por bilionários. A explicação provocou pândega generalizada. Cafajeste conhecido por práticas como empresário que são alvo de duas investigações por agências federais, Musk disse que a decisão de banir Trump para sempre da plataforma, em janeiro de 2021, foi "moralmente errada''.

Buscar compasso moral em Elon Musk é como pedir orientação ética na vida pública a Flávio Bolsonaro, mas eu digresso. O banimento do ogro laranja e líder da rebelião na capital não foi ancorado em piedades. Foi uma decisão executiva de uma empresa privada que levou em conta a exposição jurídica e financeira por causa do "risco de maior incitamento à violência".

O ex-presidente Donald Trump sorri em evento de turfe no Kentucky - Jamie Squire - 7.mai.22/Getty Images/AFP

O risco citado pelo Twitter só aumenta no espelho retrovisor com o lançamento de livros sobre o ano final da Presidência Trump. Em "This Will Not Pass: Trump, Biden and the Battle for the Future of America" (isso não vai passar: Trump, Biden e a batalha pelo futuro dos EUA), Jonathan Martin e Alexander Burns revelam que o provável próximo líder da Câmara —se os republicanos recuperarem a maioria em novembro— planejou forçar Trump a renunciar logo após o ataque ao Capitólio.

O deputado Kevin McCarthy, típico lambe-botas de Trump, hoje nega o que disse e que ouvimos claramente em áudios obtidos pelos autores.

Já o ex-secretário de Defesa Mike Esper é mais um que esperou para faturar com um best-seller a contar ao país o que sabia. Entre os detalhes revelados em "A Sacred Oath" (um juramento sagrado), está o de que Trump planejou convocar tropas para reprimir os protestos pelo assassinato do homem negro George Floyd por um policial branco.

Segundo o relato, em junho de 2020 o então presidente perguntou se seria possível disparar contra manifestantes em Washington: "Não dá para atirar nas pernas deles ou algo parecido?".

No mesmo ano, em duas ocasiões, Trump pediu a Esper para lançar mísseis sobre laboratórios de traficantes de drogas no México. Quando o secretário explicou que seria um ato de guerra, o autodenominado gênio estável argumentou: "A gente bombardeia na moita, ninguém vai saber que fomos nós".

É esse trem desgovernado que avança para a candidatura à Presidência em 2024 com apoio do establishment republicano que o detesta pelas costas.

Até agora, entre 36 candidatos apoiados por Trump nas primárias em curso para eleições para o Senado, a Câmara e governos estaduais, um sofreu uma derrota, na primária para o governo de Nebraska —mas o trumpista em questão, Charles Herbster, é acusado de assédio sexual por oito mulheres.

O apoio do ex-presidente tirou o memorialista best-seller e gestor de hedge funds J.D. Vance dos 10% nas pesquisas para a vitória na primária para o Senado em Ohio.

Vance exemplifica a troca faustiana da ultradireita niilista. Ele desprezava o republicano em público. Como escreveu um velho conhecido dele, a pergunta não é "o que aconteceu com pessoas como ele?", mas "quem eles vão se tornar para chegar ao próximo estágio de poder?".

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