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Pelé impulsionou o 'soccer' nos EUA ao se transferir para o Cosmos

Time de Nova York foi o segundo e último da carreira do Rei, que se despediu do futebol pedindo 'love, love, love'

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Giuliana Vallone

"O ‘soccer’ chegou aos Estados Unidos. Podem espalhar por aí", disse Pelé em sua apresentação no New York Cosmos, em 1975, o único clube profissional pelo qual jogou além do Santos.

Era o início de quase três anos de uma parceria que colocou o futebol no cenário esportivo dos EUA e rendeu ao jogador milhões de dólares e amigos como o músico Mick Jagger, o ex-meia alemão Franz Beckenbauer e o boxeador Muhammad Ali.

Pelé se aposentou em 1974, após 18 anos de Santos. Mas o futebol ainda não estava pronto para viver sem o Rei.

Surgiram diversas propostas. Mas o Cosmos estava tão empenhado em assinar com o jogador que inclusive envolveu na transação o secretário de Estado dos EUA à época, Henry Kissinger.

Pelé vestiu a camisa do Cosmos entre 1975 e 1977 - Acervo - 1º.ago.77/Xinhua

Clive Toye, dirigente do Cosmos, via em Pelé a chance de fazer o futebol decolar no país e tentava contratá-lo desde a fundação do clube, em 1970. Quando o Rei parou, ele aproveitou a oportunidade.

"Eu disse: ‘Se você for para o Real Madrid ou a Juventus, tudo o que pode ganhar é outro campeonato. Se vier para o Cosmos, podemos ganhar um país’", contou Toye, que se referia a Pelé como "grande crocodilo" durante as negociações, para não deixar a notícia vazar.

Quando a negociação virou pública, a ideia de Pelé jogar fora do país não foi bem recebida no Brasil. Entrou em cena, então, Kissinger.

"Em meus contatos com o governo brasileiro, eu tentei convencê-los de que ter Pelé jogando nos EUA era um tremendo ativo para o Brasil", relata Kissinger no documentário "Once in a Lifetime", de 2006, sobre o Cosmos. Ele também ligou para o jogador.

Atraído por um contrato de US$ 3 milhões (US$ 16,6 milhões em valores atuais, ou cerca de R$ 86 milhões) para jogar e pela ideia de difundir o futebol em território norte-americano, Pelé aceitou.

Com as contratações do alemão Franz Beckenbauer, do italiano Giorgio Chinaglia e do também brasileiro Carlos Alberto Torres, o Cosmos se transformou no primeiro time de galácticos do futebol.

Os atletas eram celebridades em Nova York. Faziam festas na badalada casa noturna Studio 54, regadas a champanhe e com celebridades como Mick Jagger, Elton John e Rod Stewart. Beckenbauer, campeão mundial em 1974, descreve esse período como "o melhor de sua vida".

O Cosmos impulsionou a média de público da NASL (Liga de Futebol da América do Norte) de 7.597 pessoas por jogo, em 1975, para 13.584, em 1977. Os jogos da liga voltaram à TV. Em 1977, o último ano de Pelé no time, o Cosmos foi campeão.

O último jogo do Rei foi um amistoso contra o Santos, em 1977. Pelé jogou o primeiro tempo pelo time nova-iorquino e o segundo pelo brasileiro —só marcou pelo Cosmos.

Emocionado, ao fim da partida, pediu aos jovens: "Por favor, repitam comigo: ‘Love, love, love’ [amor, amor, amor]." A frase em inglês foi eternizada por Caetano Veloso, na canção "Love, love, love", do disco "Muito", de 1978.

O Cosmos fechou em 1985 e voltou à ativa em 2010. Pelé era presidente honorário.

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