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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Pelé, o Edson

Pelé sempre foi referência para qualquer comparação

O mundo do futebol continua a orbitar seu Rei em 2022

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"Pelé já era o maior muito antes de ser e continua sendo mesmo depois de ter sido."

A frase de Armando Nogueira fechou brilhantemente um texto publicado na edição de 50 anos do Rei da revista Placar em 1990. Originalmente, está no livro "O Voo das Gazelas" e se torna ainda mais atual um dia depois de Pelé sair da vida para se manter na imortalidade.

O jogador Pelé jogando pelo Santos - AFP

Pelé sempre será o maior.

Um dos grandes desafios de quem escreve sobre futebol é comparar o que se viu aos dez anos de idade com o que se analisa aos 50. Alguém dirá que sabemos de memória os times em que o Rei jogou, porque os tempos eram mais românticos e as escalações se repetiam por dez anos.

Não é verdade. Durante seus 20 anos de carreira, as equipes mudaram, e só uma coisa não se transformou: Pelé sempre foi a referência.

Era assim no Santos campeão paulista e do Rio-São Paulo de 1958, com Manga, Ramiro e Dalmo; Getúlio, Urubatão e Zito; Dorval, Jair, Pagão, Pelé e Pepe. No bi mundial, com seis titulares diferentes. No tri paulista de 1969, com Cláudio, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Djalma Dias e Rildo; Clodoaldo e Negreiros; Edu, Toninho, Pelé e Abel.

O Santos clássico de Gylmar, Lima, Mauro e Dalmo; Zito e Calvet; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe atuou com os 11 juntos apenas dez vezes. Venceu nove e perdeu uma para o Botafogo.

Todas essas equipes giravam em torno de Pelé. A seleção girava em torno de Pelé, e o mundo girou ao redor dele, a partir de seu segundo jogo de Copa. Arrastado, suado, sofrido, o empate por 0 a 0 contra o País de Gales persistia até Didi entregar a bola a Pelé, aos 21 minutos do segundo tempo. O toque sutil passou pouco acima da cabeça do zagueiro Mel Charles, e o chute mascado enganou o goleiro Kelsey.

Nomes que estão nos livros só por Pelé. Como também o de Zaluar, arqueiro do Corinthians de Santo André, que levou seu primeiro gol. Andrada, do Vasco, que sofreu o milésimo. Nildon, zagueiro do Bahia, criticado pelo presidente de seu clube por ter evitado o gol mil na Fonte Nova: "Você tirou o Bahia da história!".

Criticado quando se fala da relação do cidadão Edson Arantes do Nascimento com a descoberta de uma filha fora do casamento, Sandra Regina, generoso e atencioso com cada fã. Conheci Pelé em 1992, numa caça às taças desaparecidas do Mundial Interclubes.

Pelé agendou com o editor Celso Unzelte, da revista Placar, mas coube a este jovem repórter a missão de encontrar os troféus numa sala bagunçada, repleta de quinquilharias, na Vila Belmiro.

Pelé chegou pontualmente às 17h. Saiu da Mercedes que o conduziu e caminhou por 50 metros. Ao se aproximar do elevador, deparou-se com um senhor, de olhos arregalados e mãos dadas com a filha, que não tinha mais do que cinco anos. "Pelé... Pelé... Ela quer muito o seu autógrafo", pediu o pai.

O Rei se abaixou, assinou a camisa do Santos da garotinha, levantou-se, cumprimentou o senhor e perguntou seu nome. Sorriu. Só então entrou no elevador.

As taças nunca foram encontradas. O Santos possui réplicas em seu Memorial de Conquistas, réplicas que só pôde fazer porque Pelé levantou as originais. Assim como ajudou a bordar três das cinco estrelas existentes acima do escudo da CBF.

Ao longo de 80 anos, discutiu-se se Di Stéfano foi melhor do que Pelé, se Maradona foi maior do que Pelé, se Messi fez mais gols do que Pelé em jogos oficiais, se Cristiano Ronaldo é mais forte do que Pelé... E a referência é sempre Pelé.

Para sempre será Pelé.

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