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Golpistas usam 'taxa das blusinhas' para fazer cobrança indevida

Bandidos tentam direcionar consumidores para falso site dos Correios; veja dicas da Receita para se proteger

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São Paulo

Criminosos estão aplicando o golpe da "taxa das blusinhas" em consumidores que fizeram compras em sites internacionais. A cobrança do imposto para transações de até US$ 50 entra em vigor 1º de agosto, mas plataformas como AliExpress e Shopee já devem incluir os 20% de tributo nos produtos adquiridos a partir deste sábado (27).

Nas últimas semanas, surgiram relatos nas redes sociais de que bandidos estariam abordando vítimas com a falsa cobrança do imposto. Usuários denunciaram o recebimento de mensagens SMS com um link para pagamento de uma taxa referente à liberação alfandegária de compras internacionais feitas pelas internet. Segundo um dos relatos, a guia de pagamento direcionava o usuário para um falso site dos Correios.

Os Correios informaram que, assim que tiveram conhecimento das tentativas de golpes, a instituição acionou a Polícia Federal. "A empresa também registrou denúncia formal à Meta, proprietária do WhastApp, uma vez que essas mensagens falsas também estão sendo enviadas pelo aplicativo de mensagens," disseram.

Saiba se proteger de golpes em compras internacionais

Fraudadores aproveitaram volta das discussões sobre "taxação das blusinhas" para aplicar golpes - Folhapress

Segundo relatos, a desconfiança surgia quando, ao clicar no link recebido via SMS, as vítimas se deparavam com o endereço de site falso dos Correios, ou detalhes como produtos e datas que não coincidiam com as compras feitas.

No X, antigo Twitter, um usuário descreveu a situação: "Está acontecendo um golpe via SMS sobre uma possível taxa que você deve pagar por seu produto ter sido taxado na alfândega do Brasil! Tenham cuidado. Esse aqui foi o que recebi. Ao colocar o número de rastreio nos sites dos correios me deparei com isso. Eu moro na Bahia e não tinha feito nenhuma compra. Descobri que o golpe está acontecendo com frequência. Cuidado. Repassem para as pessoas."

Tentativa de golpe da falsa taxa das blusinhas - Reprodução
Usuária alerta mutuals sobre golpe da falsa "taxa das blusinhas" - Reprodução

Veja as orientações da Receita Federal para evitar golpes:

  • A Receita Federal não liga ou manda mensagens para cobrar pagamento para liberar mercadorias
  • Desconfiar de qualquer email da Receita Federal que não contenha "@RFB.GOV.BR", mesmo mensagens por WhatsApp, SMS e sites estranhos
  • Qualquer pagamento para a Receita Federal é realizado somente por DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais)
  • A Receita Federal não recebe pagamento de impostos sobre mercadorias importadas por meio de Pix, QRCode, cartão de crédito, cartão de débito e outros
  • Não existe pagamento por depósito ou transferência em conta-corrente para a Receita Federal
  • Se a encomenda chegou pelos Correios, a emissão do boleto para pagamento é realizada somente por meio da plataforma "Minhas Importações" no site dos próprios Correios, ou em seu aplicativo
  • No caso dos Correios existe um código de rastreamento; sempre solicitar esse código de rastreamento ao remetente
  • Se a encomenda chegou por Transportadora de Remessa Expressa (courier), toda a tratativa deverá ser realizada no site da transportadora contratada; sempre consultar a lista de "empresas autorizadas a operar na modalidade remessa expressa"
  • Os débitos referentes a impostos devidos em Encomendas Internacionais não são "negativados" em instituições como SPC ou Serasa
  • Antes de realizar qualquer compra, verificar se o site não é falso; consulte na internet se já existem denúncias ou reclamações referentes ao vendedor
  • Caso ocorra tentativa de fraude ou extorsão, procure a Delegacia de Polícia Civil especializada para fazer a denúncia

QUAIS CUIDADOS TOMAR NA HORA DE COMPRAR?

Especialistas ouvidos pela Folha alertam o consumidor para ter uma atenção redobrada nos últimos dias antes de a nova regra entrar em vigor.

"A cobrança de impostos e a mudança de faixa precisam ser informadas antes ao consumidor, pois o valor pode mudar e quem paga é o destinatário da encomenda. Ou seja, a cobrança será feita de quem adquiriu o produto. Por isso, fazer uma compra perto desse limite de US$ 50 é arriscado porque o valor pode subir bastante", diz Patrícia Dias, da assessoria técnica de assuntos jurídicos do Procon-SP.

Caso o imposto não seja pago, a encomenda ficará retida pela Receita e poderá até ser devolvida para o país de origem. "A recomendação é que o consumidor pague o valor para liberar a mercadoria e depois ele pode pedir ressarcimento junto à empresa, caso não tenha sido informado que o valor poderia ser majorado em virtude de imposto", alerta Roberto Pfeiffer, professor de direito na USP e especialista em direito do consumidor.

"O fornecedor precisa informar isso de forma clara e ostensiva para que o consumidor não seja surpreendido. Se o consumidor for levado ao erro, ele pode reclamar junto ao Procon e, se a empresa não resolver, acionar judicialmente", diz Pfeiffer.

Apesar de o dólar ser a referência para a cobrança do imposto de importação, as empresas não têm obrigação de disponibilizar o preço dos produtos nesta moeda.

A Amazon disse que disponibilizará essa informação no recibo de compra, que será enviado junto com o produto. AliExpress, Shein, Shopee, Mercado Livre e Temu não informaram se trarão o valor em dólar. Atualmente, o site da 3 Cliques é o único das empresas que fazem parte do Remessa Conforme que traz os preços na moeda norte-americana.

"Apesar de não haver uma obrigatoriedade legal, informar o valor das compras em dólar proporcionaria maior transparência e permitiria que os consumidores compreendessem melhor os custos envolvidos", afirma Thamyres Gammaro de Oliveira, advogada do escritório Daudt, Castro e Gallotti Olinto Advogados.

O que é Taxa das blusinhas?

O imposto de importação foi aprovado em junho pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, e sancionado no fim do mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A cobrança atende um pedido dos varejistas brasileiros que reclamaram da isenção dada a empresas que se cadastraram no Remessa Conforme.

Segundo a Receita Federal, 11 empresas fazem parte do programa e podem importar produtos de até US$ 50 sem cobrança de taxa até 1º de agosto. É incluído apenas o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), que é estadual e foi fixado em 17%.

As empresas cadastradas no Remessa Conforme são as seguintes

  • 3 Cliques
  • AliExpress
  • Amazon
  • Importei USA
  • Magazine Luiza
  • Mercado Livre
  • Puritan
  • Shein
  • Shopee
  • Sinerlog Store
  • Temu

A partir de quinta-feira (1º), as compras de até US$ 50 terão os 20% de imposto e, em seguida, serão somados mais 17% do ICMS.

Já as compras entre US$ 50,01 e US$ 3.000 seguem uma legislação anterior ao Remessa Conforme, que prevê a cobrança de imposto de 60% e mais o ICMS. As empresas que não estão no programa também se enquadram nesta regra, independentemente da quantia.

O argumento para a taxação é que, atualmente, a isenção para compras internacionais cria uma distorção no mercado e prejudica a indústria nacional, que paga imposto.

A medida é considerada por governistas como altamente impopular. No ano passado, a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a acabar com a isenção, mas precisou recuar após as reações negativas. Na época, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, atuou diretamente na articulação para reverter a cobrança.

Linha do tempo da 'taxa das blusinhas'

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