De Grão em Grão

Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro

De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu juros inflação

Na renda fixa, veja quando crédito privado é melhor que título público

Em crédito privado, o maior risco está na dosagem e na forma de se investir

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Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, em 2021, ocorreram 64.441 acidentes de carro no Brasil e morreram mais de 5 mil pessoas, apenas em rodovias federais. Ou seja, não estamos contando os dados de acidentes em outras vias sejam urbanas ou não. Sem dúvida, há grandes riscos em usar um automóvel, assim como, também existe risco por investir em crédito privado. Entretanto, como avaliamos se compensa correr estes riscos?

Em crédito privado, o maior risco está na dosagem e na forma de se investir. REUTERS/Andrew Kelly ORG XMIT: PPP - AJK019 - REUTERS

Não é minha intenção fazer o cálculo se compensa o risco de usar um automóvel, mas, intuitivamente, sabemos que compensa devido ao ganho de tempo no deslocamento, mas é preciso tomar alguns cuidados na forma de utilização.

Um raciocínio similar pode ser empregado no crédito privado. Investir nesta categoria compensa pelo ganho de tempo que se tem na jornada para a independência, mas é preciso tomar alguns cuidados na forma de se investir.

Sabemos que não é possível eliminar o risco no uso de um automóvel. Por mais cuidado que tomemos, sempre pode vir alguém sem o mesmo cuidado e que cause o acidente. O máximo que conseguimos fazer é reduzir o risco.

O mesmo ocorre com nossos investimentos de risco, no crédito privado inclusive.

Os cuidados necessários para se reduzir o risco no uso de automóveis são conhecidos. Mas e os de se investir em crédito privado?

No início de 2023, mesmo aqueles que tomaram toda a precaução no crédito privado foram pegos de surpresa com a fraude contábil da Americanas. Analogamente, esse caso é similar ao do motorista de outro carro que bate no nosso.

Às vezes não tem como evitar a batida.

Entretanto, se você está tomando os devidos cuidados, é possível reduzir as consequências. O mesmo ocorreria com as Americanas.

Então, vamos a um cálculo simples de quanto tempo é possível reduzir na jornada para a independência financeira investindo em crédito privado e de como mitigar o risco de "batidas".

Neste momento, vou me concentrar no crédito privado isento e sem o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Vou ilustrar o cálculo dos títulos de crédito privado com FGC no próximo capítulo.

Atualmente, títulos públicos federais, com vencimento próximo de 10 anos e referenciados à inflação remuneram IPCA+6% ao ano.

Já títulos privados como as debêntures, CRIs e CRAs, isentos de IR e com vencimento de 10 anos chegam a ter rendimento de IPCA+7% ao ano ou superior.

Assumindo que o IPCA em todo o período seja de 5% ao ano, o retorno do título isento acima, equivaleria ao rendimento de IPCA+9% ao ano se o mesmo fosse tributado.

Esse rendimento real é 50% superior ao retorno real do título público, que também é tributado.

Com este retorno, considerando o mesmo exemplo utilizado no Capítulo 7, o tempo para sua aposentadoria poderia ser reduzido em quase um terço, ou seja, de 30 anos para 22 anos. Voltando à analogia inicial, mesmo com risco, usamos o carro, pois ganhamos tempo na jornada.

Mas, como reduzir o risco de o pior ocorrer?

Vamos retomar o exemplo do automóvel. Para reduzir os riscos de acidentes, você precisa dirigir devagar e com segurança.

No caso dos títulos privados, "dirigir devagar" é ter uma alocação reduzida por emissor. Por exemplo, sempre limitando entre 1% e 2% a participação de cada emissor em seu portfólio.

Portanto, divida a exposição em vários emissores. Quanto mais, melhor. Mas não é investir em qualquer um.

Quando se trata de segurança, uma alternativa seria também restringir seu investimento a apenas títulos classificados como AA, AA+, ou AAA, por agências de classificação.

Estudos da S&P Global Ratings apontam que menos de 1% das empresas classificadas como AA ou superior têm problemas de crédito em horizontes de 10 anos.

Considere o exemplo acima de uma carteira títulos privados classificados como AA ou superior e com 20 emissores ou empresas de forma que cada um só tenha exposição máxima de 2% do patrimônio.

Mesmo com todos estes cuidados, pode ser que ocorra algum acidente, como ocorreu com a fraude das Americanas.

No entanto, mesmo que 3 empresas das 20 quebrem e você perca todo o capital investido nestas 3, ainda assim, vai continuar tendo retorno superior aos títulos públicos em 10 anos.

Não estou argumentando que você concentre a carteira de renda fixa em títulos privados isentos de renda fixa, mas mostrando que se você também adicioná-los à sua carteira, de forma segura, pode chegar mais rápido à independência financeira.

Lembre-se, como em tudo, o maior risco está na dosagem e na forma de usar.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Livro: A Jornada para sua independência Financeira

Sumário

Introdução
Entenda como você alcançará sua independência financeira
Viver de renda é o último passo da jornada para a independência financeira
Estas são as maiores dúvidas sobre a jornada para a independência

Parte 1 Construção do plano

Capítulo 1 O primeiro passo na construção do plano para a independência financeira
Capítulo 2 Como definir a taxa de retorno em seu plano para a independência?
Capítulo 3 Descubra qual patrimônio necessário para alcançar sua independência financeira
Capítulo 4 Na jornada para sua independência, não despreze a importância deste fator
Capítulo 5 Entenda as duas formas que eu apliquei para elevar minha capacidade de poupança
Capítulo 6 Se você dobra este fator, seu patrimônio pode multiplicar muito mais
Capítulo 7 Juntando os pontos para construir seu plano

Parte 2 Montando a carteira para te levar à independência financeira

Capítulo 8 Antes de realizar qualquer investimento, defina estes dois fatores
Capítulo 9 Você não deve montar uma carteira de renda se quer chegar ao patrimônio para viver de renda
Capítulo 10 Evite estes dois erros comuns a investidores de renda fixa
Capítulo 11 Na renda fixa, veja quando crédito privado é melhor que título público

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