Presidente do Ibama, o advogado Eduardo Bim disse durante palestra em abril que é "um psicopata" e não está "nem aí" para reportagens de jornal. Ele também desdenhou de decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que o afastou do cargo por 90 dias em 2021.
"Beleza, licença-prêmio, 90 dias afastado. Tô nem aí, tô tranquilo, porque eu só trabalho em uma calibração técnica", disse.
Ele foi afastado da presidência do Ibama em maio de 2021, no âmbito da operação Akuanduba, que investiga a edição de um despacho pelo Ibama que teria permitido a exportação de produtos florestais sem a necessidade de emissão de autorizações.
O despacho teria sido elaborado a pedido de empresas com cargas apreendidas no exterior e resultou na regularização, segundo a Polícia Federal, de cerca de 8 mil cargas de madeira ilegal. Ele reassumiu o cargo em agosto de 2021.
O desgaste gerado pela operação levou à saída de Ricardo Salles, também alvo da Akuanduba, do Ministério do Meio Ambiente.
A fala de Bim ganhou repercussão nesta sexta-feira (6), após publicação no Twitter do perfil do Política Por Inteiro, projeto de monitoramento de políticas públicas de meio ambiente e clima.
Na palestra, Bim também fez mais uma crítica indireta a Moraes, que em 2018 sugeriu ao STF a fixação da tese da imprescritibilidade do dano ambiental, o que significa que não há limite de prazo para que se exija na Justiça reparação por danos ao meio ambiente. A tese foi fixada pela corte em 2020.
"Já foi dito aqui, dito na plateia: dano ambiental [é] imprescritível, 2018, Supremo. Puta loucura, mas fazer o quê? Paciência", disse.
Na palestra do Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (Ibradim), ele ainda disse que "os loucos gostam de ambiental, porque eles se sentem confortáveis na área, inventando coisas", usando a expressão "manicômio" para se referir ao tema.
Bim ainda cutucou os funcionários do Ibama, dizendo que são "super interessados, quando eles querem, como todo ser humano, mas um pouquinho pior em alguns casos".
Por fim, o presidente do Ibama criticou uma suposta dicotomia que ele enxerga em seus críticos, para os quais ele é o "gestor malvadão" e eles são os "salvadores do meio ambiente".
"Não, todo mundo trabalha para implementar política pública que teoricamente tutela o meio ambiente, dentro dos limites da politica pública, sem mais nem menos, sem amor nem ódio, o que é mais difícil, pois somos todos seres humanos", disse.
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