Fábio Carille chegou a Itaquera afirmando que a escolha por Sornoza, no lugar de Jadson, seria para manter a pressão que atormentou o Santos, na fase de classificação, três semanas atrás. O empate por 0 a 0 pareceu vitória corintiana, porque Carille foi melhor do que Sampaoli naquele duelo. A marcação em cima, contra os zagueiros do Santos, não se repetiu.
Verdade que o primeiro gol nasce de bola parada conquistada por recuperação do lado de Victor Ferraz, o lateral que sempre preocupa seus adversários, porque faz a saída atrás e chega ao ataque com força.
Mas a decisão de Carille de marcar no ataque não foi o fator mais decisivo, simplesmente porque, desta vez, o Corinthians ficou mais tempo atrás do meio de campo e teve só 39% de posse de bola.
Mesmo assim, finalizou cinco vezes, quatro a mais do que o Santos, que tem no número de chutes a gol uma de suas mais fortes características na temporada. Dos quatro finalistas, os santistas são os que mais chutam à meta adversária. Em Itaquera, só finalizaram no gol de Cássio uma vez. De cabeça, bola parada, tudo fora da característica que Sampaoli mais gosta.
Digamos que Sampaoli entrou no jeitinho brasileiro, desta vez. Pelo menos, no estilo que nos tem sobrado nos últimos anos. Se os craques vão embora e os trabalhos não têm longo prazo, joga-se no erro do rival. O Corinthians fez isso. Venceu por 2 a 1.
Se não há tempo para treinar, aposta-se na bola parada e cruzamento.
Dos 25 gols corintianos neste ano, 9 (36%) foram de bola parada e 15 (60%) de jogo aéreo. Incrível que a comparação com o Santos mostra diferença acentuada, reforça que o estilo que Sampaoli mais gosta é marcar pressão e rodar a bola. O Santos fez 34 gols no ano, 12 (35%) foram de jogo aéreo e 8 (23%) de bola parada. Mas o gol do empate momentâneo, de Derlis González, foi também de escanteio e pelo alto.
Perder em Itaquera não significa que o Santos não possa virar no Pacaembu, na próxima segunda-feira (8). Mas dificulta.
A decisão de Sampaoli de deixar Rodrygo no banco de reservas surpreende muita gente, mas se justifica. Rodrygo não tem regularidade para ser titular. Não joga o suficiente para vencer a concorrência. Especialmente com Derlis González. O paraguaio começou como ponta esquerda, para dificultar a subida de Fágner. Cueva de falso centroavante. Apenas, porque Cueva também não tem intensidade.
O Corinthians demorou para engrenar, porque 5 dos 11 titulares ainda não tinham sido treinados por Carille. Mas acertou no final da fase de classificação e já tem 13 jogos sem derrota. É bom respeitar um time que não perde.
O Corinthians varia sua maneira de jogar. Pode subir a marcação e dificultar a saída de bola como fez no penúltimo clássico contra o Santos. Mas também pode atrasar a marcação, entregar a bola ao adversário. Tudo depende das circunstâncias das tabelas, das classificações e dos adversários. É um camaleão.
Carille pode se orgulhar de não ter perdido para o Santos em Itaquera e nem para Sampaoli. Mas há mais uma partida que, de novo, será duelo de estilos e diferenças táticas. Faz bem ao futebol brasileiro.
Love pela direita
A ideia Carille era pressionar pelo lado esquerdo, com Sornoza e Clayson. Como o Santos sobe muito, sobra espaço nas costas dos laterais, especialmente de Felipe Jonathan. Vágner Love tem velocidade para aproveitar aquele setor. Mas foram poucas as oportunidades para jogar assim, com rapidez.
A chegada de Cuca
Vágner Mancini tem o mérito de ter transformado o São Paulo. Com os quatro garotos, o time é mais rápido e disputa todas as bolas. Cuca chega com ideias próprias, muito mais parecidas com o que o São Paulo tem hoje, do que com o que tinha. A pergunta é se tentará impor seu estilo já na estreia.
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