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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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A Argentina evoluiu após a Copa, enquanto o Brasil estagnou

Hoje as duas seleções estão no mesmo nível e têm chances de ganhar o Mundial

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As seleções atuais de Brasil e Argentina reencontram o passado, não para repeti-lo, mas na tentativa de modernizá-lo com os conhecimentos da ciência esportiva. Todo encontro é um reencontro com o que vemos e/ou imaginamos.

O Brasil, contra o Peru, e a Argentina, contra a Bolívia, atuaram de uma maneira parecida. A diferença é que a Argentina já definiu, há tempos, uma forma de jogar, com poucas variações, enquanto o Brasil continua à procura de algo maior, que nem sabe o que é.

Everton Ribeiro comemora com Neymar o primeiro gol do Brasil diante do Peru
Everton Ribeiro comemora com Neymar o primeiro gol do Brasil diante do Peru - Nelson Almeida/AFP

As duas seleções, quando perdiam a bola, recuavam os meias pelos lados, para formar uma linha de quatro com os dois volantes. Quando recuperavam a bola, os dois pelos lados e mais um dos volantes avançavam e se aproximavam da dupla de atacantes. Não tem nada de novo, pelo contrário.

Em 1966, há 55 anos, a seleção inglesa, campeã do mundo, já fazia o mesmo. Isso não significa que estamos ultrapassados. Talvez seja ainda, na prancheta, a maneira mais frequente de se jogar no mundo, evidentemente, com as condições atuais de mais preparo físico, mais intensidade e mais pressão em quem recebe a bola.

Há detalhes diferentes nas duas seleções. A Argentina mistura, no mesmo jogo, a linha de quatro no meio-campo com a de três. O titular Lo Celso, pela esquerda, que não jogou contra a Bolívia, transita pelo meio-campo e pela esquerda, mais ou menos como faz Everton Ribeiro, pela direita, no Brasil.

Nas melhores partidas em que o Brasil teve a presença dos jogadores que atuam na Inglaterra, Gabriel Jesus e Richarlison jogaram também pelos lados, como Everton Ribeiro e Paquetá. Se Tite mantiver essa formação tática, ele terá de escolher dois entre os quatro jogadores.

Gerson não brilhou intensamente, mas mostrou a importância de se ter, ao lado de Casemiro, um meio-campista que marque e avance com habilidade, técnica e criatividade.

A seleção poderá evoluir com ele. Melhor ainda se o time tivesse um trio no meio-campo, formado por Casemiro e dois Gersons, um de cada lado. A equipe teria mais controle da bola e do jogo.

Matheus Cunha, que tem chance de se tornar a melhor opção entre os centroavantes, em vez de entrar no lugar de Gabigol, jogou, no segundo tempo, na posição de Éverton Ribeiro. Nada a ver. Tite, não complique!

A Argentina evoluiu após a Copa e desde a chegada do jovem técnico Scaloni, enquanto o Brasil estagnou. Hoje, as duas seleções estão no mesmo nível. As duas têm chances de ganhar o Mundial, embora sejam inferiores às melhores seleções europeias.

A euforia dos argentinos com as atuações da equipe e com a conquista da Copa América e a paixão entre Messi e os torcedores podem incendiar o time e o craque no Mundial. Messi sonha em ser campeão do mundo pela Argentina e também em ser reconhecido (ele já é) como o maior jogador da história do país. Será sua última chance. Ele vai se preparar para isso.

Algo parecido aconteceu com Pelé antes da Copa de 1970. Ele mostrava declínio físico e era criticado. Pelé se preparou como nunca para brilhar no Mundial, para ser campeão e para que ninguém mais tivesse dúvidas de que ele era o eterno rei.

O futebol é muito complexo, nós é que tentamos simplificá-lo. As estratégias e as análises não podem ser apenas uma narrativa literária nem somente um jogo de táticas e de estatísticas.

É tudo isso e mais muitas outras coisas, que não sabemos o que são.

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