Descrição de chapéu Festival Fartura

Chefs estrangeiros descobrem sabores nacionais no Festival Fartura em BH

Eventos presenciais começaram com jantares feitos por cinco convidados de fora

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São Paulo

Jabuticabeiras carregadas tornaram-se uma atração tanto quanto obras de Inhotim, museu em Brumadinho, Minas Gerais, para um grupo de cozinheiros estrangeiros. Eles faziam comentários sobre a explosão doce na boca depois que a casca grossa da fruta era rompida. Uma turista brinca que é assim que o mirtilo gostaria de ser.

Os chefs, que aproveitavam a manhã de sábado (12) para visitar o espaço, foram convidados pelo Festival Fartura para uma série de jantares da programação em Belo Horizonte. É a primeira visita que fazem ao Brasil.

Fachada da Casa Fartura, que concentrou parte da programação do Fartura em Belo Horizonte
Fachada da Casa Fartura, que concentrou parte da programação do Fartura em Belo Horizonte - Lucas Gil/Divulgação

Depois de duas edições online, o festival está de volta presencialmente, no que virou a Temporada Fartura, com ações e eventos em todas as regiões do país e em Portugal.

Concentrada no mês de novembro, a Temporada Fartura começou em Belo Horizonte e na cidade vizinha Nova Lima (entre os dias 8 e 13), e segue para Lisboa, em Portugal (16), Brasília (também no dia 16), Florianópolis (17), Belém (19), São Paulo (19 e 20) e termina em Fortaleza (de 25 a 27).

Em Lisboa, um jantar e uma mesa de conversa sobre gastronomia brasileira marcaram o lançamento do projeto Fartura - Viver Portugal, que tem previsão de acontecer em abril de 2023 e busca aproximar os dois países por meio da cultura e de negócios.

No Brasil, os eventos foram reformulados na volta ao presencial. Em Belo Horizonte, enquanto a feira de rua ficou menor, com seis produtores locais e uma programação com demonstrações de cozinha ao vivo, houve uma série de jantares feitos por chefs estrangeiros --uma ação inédita do festival na capital mineira.

"A gente quer mostrar para esses cozinheiros que no interior do país existe uma culinária muito significativa", diz Carolina Daher, curadora gastronômica do Fartura junto à chef Morena Leite. Ela explica que o título dado à Belo Horizonte de cidade criativa da gastronomia, pela Unesco, em 2019, inspirou a ação.

Também é um retorno à história do Fartura, já que o Festival de Cultura e Gastronomia de Tiradentes começou há 25 anos recebendo nomes internacionais para cozinhar na cidade. O evento em Tiradentes, o primeiro festival do tipo do país, é o embrião do Fartura, que assumiu sua produção em 2009 com enfoque na comida brasileira.

A escolha dos cinco convidados internacionais ficou a cargo da chef Morena Leite. Entre eles, estavam três cozinheiros com restaurantes em Londres: a espanhola Nieves Barragan, do Sabor, com uma estrela Michelin; a australiana Skye Gyngell, que comanda o Spring; e o inglês Chris Leach, do italiano Manteca.

"Era importante para nós trazer cozinheiros da Inglaterra para Nova Lima, que é uma cidade com muitos imigrantes e famílias de lá", diz Daher.

Completam a lista o português Rodrigo Castelo, do Ó Balcão, em Santarém, e o francês Patrick Terrien, o chef número um da escola de culinária Le Cordon Bleu.

A programação da trupe incluía preparar jantares no espaço do Bravo Catering, em Nova Lima, e no sobrado da Casa Fartura, em Belo Horizonte. O grupo também fez passeios para conhecer o Mercado Central da cidade e restaurantes como o tradicional Xapuri e o sofisticado Glouton, na 68º posição do ranking latino do 50 Best Restaurants, além de visitar Inhotim.

O chef francês Patrick Terrien, o número um da Le Corden Bleu, maior referência de escola culinária do mundo
O chef francês Patrick Terrien, da Le Cordon Bleu, durante jantar no Fartura em Belo Horizonte - Lucas Gil/Divulgação

As refeições preparadas pelos chefs mostravam um pouco do que eles servem em suas cozinhas do outro lado do oceano --com uma ou outra surpresa. Skye Gyngell, a australiana do Spring, incorporou ora-pro-nóbis e castanhas-do-pará a um dos pratos que executou no Bravo Catering.

Para Carolina Daher, a curadora, a relação que o Brasil tinha com sua comida há 25 anos, quando o Fartura ainda engatinhava, era outra. Naquela época, segundo ela, o país ainda não tinha a "autoestima" de agora para falar sobre gastronomia.

"Hoje, nós podemos trazer um chef não só para apresentar sua cultura, mas também para conhecer a nossa. Há uma troca", diz. "Quando esses chefs estiverem usando mirtilo lá em Londres, vão poder falar que comeram do pé uma fruta incrível do Brasil que se chama jabuticaba."

Fartura São Paulo

A jornalista viajou a convite do Fartura

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