Sueco ganha concurso de tapas na Espanha com pão de batata com cream cheese

Brasileiro Rodrigo Lohan participou de evento apresentando quitute com ingredientes da Serra da Mantiqueira

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Madri

É muito provável que, se o Brasil lançasse um concurso mundial de caipirinha ou de feijoada, seria humilhante se um estrangeiro conquistasse o primeiro lugar.

Mas não é o caso do Concurso Mundial de Tapas que a Espanha promoveu neste mês em Valladolid, cidade ao norte de Madri. Quem ganhou foi um sueco e havia um brasileiro na competição. E nunca, em seis anos de evento, um nativo espanhol conquistou o primeiro lugar.

Tapa vencedora do Concurso Mundial de Valladolid, do sueco Noel Moglia, um pão de batata recheado com cream cheese, cebola e tomilho-limão - Divulgação

A explicação para isso é simples: mais do que uma comida, a tapa é um suporte. Mais do que um estilo gastronômico, é um modo de servir o que quer que seja. Na enciclopédia da internet, ela está descrita assim: "uma comida ligeira que se serve na maioria dos bares ou restaurantes acompanhando a bebida".

Recomenda-se que caiba na boca inteira, ou seja, que não exceda, digamos, uns cinco centímetros. Se a tapa for produto de uma divisão, por exemplo, um pedaço de uma tortilha de batatas, essa parte maior que vem à mesa é chamada de pincho.

E o nome vem de tapar mesmo. Nas tabernas, havia o costume de cobrir copos ou taças de vinho com um pedaço de pão ou uma fatia de presunto cru, para evitar a entrada de moscas e mosquitos.

Quem venceu neste ano foi o sueco Noel Moglia, do restaurante Julita Wärdshus, que fica na pequena Äsköping, na Suécia. Seu tapa, chamado "minhas raízes e aprendizado" era um pão de batata frito recheado com cream cheese, coberto com cebola caramelizada glaceada com mel, cebola crocante e tomilho-limão.

Uma boa dica é frequentar Valladolid durante os três dias do evento, que sempre acontece em novembro. Com 15 convidados de todo o mundo, além de mais de 40 chefs espanhóis para o concurso nacional, as tapas se espalham pelos inúmeros restaurantes da cidade. Cada casa recebe alguns cozinheiros do concurso e serve os tapas em competição por aqueles dias.

O chef brasileiro Rodrigo Lohan preparando suas barquinhas para o Concurso Mundial de Tapas de Valladolid, na Espanha, em 8/11/2023 - Divulgação

Pela primeira vez em seis anos, o Concurso Mundial de Tapas de Valladolid recebeu um brasileiro, o paulista Rodrigo Lohan, de São Bento do Sapucaí.

Com estudo feito no Senac e passagens em diversos restaurantes na região de São José dos Campos, Lohan já conquistou o prêmio de melhor hambúrguer daquela cidade com uma versão mineira do sanduíche, que leva queijo serra da Canastra, bacon, crispy de couve e três ovinhos de codorna.

Para o concurso, Lohan criou um barquinho (feito de fibra do caule de bananeira por mulheres do quilombo de São Bento do Sapucaí) que carregava um pedaço de truta crocante com pele, creme de pinhão caramelizado e um canudo de mandioca cozida e frita.

Completavam a tapa brasileira um vinagrete de fragaia, espécie de framboesa selvagem da Serra da Mantiqueira, e azeite de pimenta.

A tapa do brasileiro Rodrigo Lohan, com truta, canudo de mandioca, creme de pinhão e vinagrete de fragaia - Divulgação

"A ideia foi trazer a crocância da mandioca e da truta com o sabor amendoado do pinhão, com o doce e o picante. Uma típica tapa da Serra da Mantiqueira, que, inclusive, leva o nome da serra", explicou Lohan, que, infelizmente, não venceu desta vez.

Mas isso não abala Lohan. "Nunca fui tão respeitado como chef como agora", disse o brasileiro, que está em sua segunda passagem por Portugal, atualmente comandando as refeições do Grande Hotel Termas, em São Pedro do Sul, próximo a Porto.

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