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Exercitar a fáscia muscular pode ajudar a sentir menos dor e ter mais flexibilidade

Tecido que conecta músculos é mais importante do que se pensava; especialistas explicam como e por que você deve cuidar dessas estruturas

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Danielle Friedman
The New York Times

Nos últimos anos, o conceito de cuidar da fáscia —o tecido resistente e flexível que envolve e conecta músculos, ossos e órgãos como um filme plástico— tem permeado a cultura de fitness e bem-estar. Instrutores de pilates e terapeutas de massagem oferecem tornar a fáscia mais flexível, e produtos como rolos de espuma, pistolas de massagem e "fascia blasters" (ferramenta de massagem para a fáscia) afirmam ajudar a melhorar a saúde da fáscia em casa.

"A fáscia realmente decolou exponencialmente como uma palavra da moda ", disse Christopher DaPrato, um fisioterapeuta da Universidade da Califórnia, São Francisco, que estuda a conexão entre a fáscia e o desempenho atlético.

Ilustração colorida de uma mulher se exercitando
Nos últimos anos, o conceito de cuidar da fáscia tem permeado a cultura de fitness e bem-estar - NYT

Até o início dos anos 2000, os médicos acreditavam que a fáscia era apenas uma embalagem para partes do corpo mais importantes. Desde então, os pesquisadores descobriram que o tecido conjuntivo desempenha um papel vital em como funcionamos e é fundamental para a flexibilidade e amplitude de movimento.

Pesquisas emergentes sugerem que cuidar da sua fáscia pode ajudar no tratamento da dor crônica, melhorar o desempenho do exercício e o bem-estar geral.

"Ainda estamos no começo, muito, muito no começo" de entender a fáscia, disse Helene Langevin, diretora do Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa dos Institutos Nacionais de Saúde. "Esta é uma parte do corpo que negligenciamos por muito tempo."

O que é a fáscia?

Seu corpo tem duas formas de fáscia: densa e solta. Cada tipo é fundamental para facilitar o movimento. A fáscia densa, feita de fibras de colágeno robustas, ajuda a dar forma ao seu corpo. Ela mantém os músculos, órgãos, vasos sanguíneos e fibras nervosas no lugar. Ajuda seus músculos a contrair e esticar, e estabiliza suas articulações. A fáscia solta, mais escorregadia, permite que seus músculos, articulações e órgãos deslizem uns contra os outros como uma máquina bem lubrificada.

Como a fáscia é danificada?

Em 2007, uma professora de anatomia chamada Carla Stecco, da Universidade de Pádua, na Itália, descobriu que a fáscia é viva, com terminações nervosas. Isso significa que pode ser uma fonte de dor. Quanto mais tempo ela estiver danificada ou inflamada, mais sensível se torna.

Quando você fica sedentário por muito tempo, a fáscia pode encurtar, ficar excessivamente rígida e se congelar no lugar, formando aderências que limitam a mobilidade, disse David Krause, um fisioterapeuta da Clínica Mayo. Com o tempo, a inatividade também pode levar a fáscia a se remodelar. Se você passa a maioria dos dias curvado sobre um computador, a fáscia ao redor dos músculos do pescoço e ombros pode mudar para que sua postura fique curvada.

A fáscia também pode ser danificada por movimentos repetitivos, estresse crônico, lesões ou cirurgias —ficando inflamada, excessivamente rígida ou grudada. E ela endurece com a idade.

Por fim, porque consiste em uma matriz de fibras, a fáscia que é muito curta, rígida ou pegajosa em uma parte do corpo pode causar dor e disfunção em outro lugar, beliscando ou puxando na direção errada, disse Stecco. O corpo também pode compensar mudando a maneira como se move, causando outros problemas.

Pode ser difícil determinar se a dor vem da sua fáscia ou dos seus músculos e articulações. Geralmente, problemas musculares e articulares tendem a piorar quanto mais você se move, enquanto a dor na fáscia diminui com o movimento.

Como cuidar da sua fáscia?

A maneira mais eficaz de manter sua fáscia resistente e elástica é se manter ativo. Especialistas também recomendam algumas coisas em particular.

O treinamento de resistência mantém a fáscia forte, disse Langevin. "Um músculo fraco não vai fazer um ótimo trabalho em mover e flexibilizar a fáscia", disse ela, nem uma fáscia rígida e congelada ajudará o músculo a fazer seu trabalho. "Eles precisam um do outro", disse. "Uma vez que um começa a melhorar, isso ajuda o outro."

Exercícios que envolvem uma variedade de movimentos —como dançar, pular corda, jogar tênis e nadar — também ajudam a manter a fáscia lubrificada, disse DaPrato. Movimentos que envolvem saltos são particularmente eficazes para manter a fáscia saudável.

"Pular corda, por exemplo, é um movimento maravilhoso", disse Robert Schleip, diretor do Grupo de Pesquisa em Fáscia da Universidade de Ulm, na Alemanha.

Para aqueles que não têm se exercitado recentemente, é importante "ser gentil com nossa fáscia e ir devagar e tentar restabelecer o movimento que foi perdido", disse Langevin. O alongamento dinâmico, que contrai o músculo enquanto o alonga, beneficiará tanto a fáscia saudável quanto a danificada. Experimente torções de tronco, agachamentos ou avanços. Considere consultar um fisioterapeuta que possa oferecer tratamento prático e orientá-lo para o melhor programa.

Além de se movimentar, os especialistas recomendam beber água ao longo do dia, o que pode ajudar a fáscia a deslizar com facilidade.

Apesar da popularidade de ferramentas e tratamentos que envolvem a aplicação de pressão na fáscia, a pesquisa ainda não comprovou sua eficácia a longo prazo. Rolos de espuma e pistolas de percussão podem aliviar temporariamente a dor na fáscia e melhorar a flexibilidade ao "alterar a dinâmica de fluidos naquela área local", disse DaPrato.

Se você optar por usar um dispositivo de automassagem, não exagere: não há evidências que apoiem a recente tendência de "fascia blasting", ou seja, manipular agressivamente a fáscia através da pele, o que pode causar hematomas.

O mesmo pode ser verdade para tratamentos como massagem miofascial e ventosaterapia. Se esses tratamentos fazem você se sentir melhor e se mover melhor, disseram os especialistas —mas simplesmente se manter ativo é o melhor remédio.

Este artigo foi originalmente publicado no The New York Times.

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