Líderes de ONGs e startups discutem inovação social no país

Em novo episódio da série Papo de Responsa, vencedores do Prêmio Empreendedor Social compartilham suas trajetórias à frente de iniciativas em setores como saúde e tecnologia

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São Paulo (SP)

Vencedores de diferentes edições do Prêmio Empreendedor Social discutem caminhos da inovação social no país em novo capítulo da série especial 'Papo de Responsa', exibida pela TV Folha. O talkshow celebra os 20 anos da premiação promovida pela Folha e Fundação Schwab, com capítulos lançados a cada 15 dias.

O episódio desta quinta-feira (25) é dividido em três blocos, com mediação de Eliane Trindade, editora do Empreendedor Social e do Folha Social+. No primeiro, participam Fábio Bibancos, presidente da Turma do Bem, Guilherme Brammer, fundador da Boomera Ambipar, e Stella Maris, fundadora da ONG Anjos da Tia Stellinha.

Vencedor da premiação em 2006, Bibancos criou a Turma do Bem com a missão de ampliar o acesso de populações vulneráveis à assistência odontológica. Maior rede de voluntariado especializado no mundo, a organização presta atendimento gratuito a crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência.

"Quando a gente começou e quando ganhei o prêmio, eu não tinha consciência do que era ser empreendedor social. A gente participava de premiações para ver se ganhava alguma coisa para a ONG. Depois que ganhei, comecei a entender a responsabilidade que tinha", afirma.

Na sequência, Guilherme Brammer fala sobre a fundação da Boomera Ambipar, startup que desenvolve soluções para resíduos de difícil reciclagem, unindo catadores, indústria e academia.

Vencedora do prêmio em 2019, a entidade foi criada como empresa de pesquisa e desenvolvimento no ramo da reciclagem. Porém, após visita a uma cooperativa de catadores em São Paulo com condições de trabalho precárias, Brammer decidiu que seu negócio teria um foco social.

Já Stella Maris, vencedora na categoria Soluções Comunitárias em Resposta à Covid-19, em 2021, conta como a iniciativa criada para capacitar mulheres do Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro, virou uma tecnologia social. Atualmente, a ONG Anjos da Tia Stellinha promove empoderamento econômico e capacitação para mulheres periféricas.

Os três também refletem, neste episódio, sobre o significado da chancela do Empreendedor Social e discutem perspectivas para a inovação social no país.

Brammer destaca a importância de preparar empreendedores sociais brasileiros para captar recursos internacionais. "Existe dinheiro no mundo para o social. O que eu senti nas minhas idas para Davos foi a falta de a gente, como brasileiro, saber estruturar isso em formatos que esse dinheiro quer escutar. É esse movimento que a gente pode tentar ajudar, tentar achar a linguagem do social money", diz.

A imagem mostra uma videoconferência com quatro participantes. No canto superior esquerdo, uma mulher com cabelo longo e escuro, usando óculos e uma blusa clara, está olhando para a câmera. No canto superior direito, um homem calvo, com óculos amarelos e uma camiseta escura, sorri. Na parte inferior esquerda, um homem com cabelo curto e grisalho, vestindo uma camiseta branca, gesticula enquanto fala. No canto inferior direito, uma mulher com cabelo preso e óculos, usando uma blusa com listras, observa atentamente. Ao fundo, é possível ver um ambiente de escritório e uma estante com objetos decorativos. Na parte inferior da imagem, há um texto que diz: 'Papo de Resposta | 20 anos do Prêmio Empreendedor Social'
A jornalista Eliane Trindade, Fábio Bibancos (Turma do Bem), Guilherme Brammer (Boomera) e Stella Maris (ONG Anjos da Tia Stellinha) - Reprodução/TV Folha

Maris aborda a importância de negócios sociais no país não dependerem de governos e se dedicarem a gerar mudanças sistêmicas.

"Governo troca de quatro em quatro anos. Se a gente parar para pensar que o governo vai embora, mas que a gente fica no território, a gente começa a trabalhar com mais verdade, vontade e amor", afirma.

Oportunidades para todos

O segundo bloco do programa reuniu Celso Athayde, fundador da Cufa (Central Única das Favelas) e Ralf Toenjes, cofundador da ONG Renovatio.

Reconhecida na categoria Boas Práticas na Resposta à Covid-19, em 2020, a Cufa promove desenvolvimento social e econômico nas favelas com projetos de educação, cultura, esportes e capacitação profissional.

Após viver nas ruas por seis anos, tornar-se camelô e, mais tarde, empreendedor no setor de entretenimento, Athayde fundou a organização para conectar a favela às oportunidades "do asfalto".

"Acredito na capacidade que a gente tem de desenvolver iniciativas que permitam que as pessoas tenham liberdade, porque é essa liberdade que vai fazer você poder trabalhar e não entrar numa fila de cesta básica, mas entrar na fila em que você vai comprar o equipamento, o produto ou assistir um filme que você deseja ver", diz.

Neste bloco do programa, Toenjes, laureado em 2017 pelo trabalho à frente da Renovatio, diz que a decisão de se tornar empreendedor social foi influenciada pelo apoio que recebeu de familiares para estudar.

A ONG leva óculos de baixo custo e diagnóstico oftalmológico ao interior do Brasil.

"Pude receber uma educação de excelência porque muita gente me ajudou", conta o empreendedor formado em direito, administração e economia. "Nada mais justo do que usar aquele conhecimento que eu estava tendo na faculdade para retribuir de alguma forma."

Inclusão na era digital

O último bloco traz o casal Suzana e Reinaldo Pamponet, fundadores da Itsnoon e cocriadores da NoonApp, e Gustavo Glasser, fundador da Carambola.

Premiada na categoria Escolha do Leitor em 2021, a NoonApp é uma plataforma digital colaborativa que cria oportunidades de trabalho e renda ao estimular a economia digital.

"Nossa trajetória surge no início dos anos 2000, com o objetivo de humanizar o processo de inclusão digital e posicionar os seres humanos como os protagonistas do desenvolvimento do universo digital", explica Reinaldo.

A NoonApp facilita micropagamentos em rede, interligando capital social e econômico."O que a gente faz é um 'HumanGPT'. A gente conecta pessoas num ambiente que está conectado praticamente só com os robôs", diz Suzana.

Já a Carambola, reconhecida pelo prêmio em 2019, é um negócio social que promove a inclusão de minorias no mercado de tecnologia a partir de capacitação profissional.

Glasser conta que enfrentou dificuldades para acessar o mercado de trabalho por ser um homem transexual e que criou a iniciativa para dar oportunidades a pessoas em situação de vulnerabilidade econômica. Mas, segundo ele, levar diversidade às empresas é apenas o primeiro passo.

"Brinco que colocar pessoas no mercado de trabalho é a parte mais simples do trabalho que a gente faz, porque a parte mais difícil é educar os educados, que é: como a gente faz um mercado de trabalho que consiga lidar com pessoas de contextos diferentes?"

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