|
Guerra
da fumaça
Documento
reservado da Philip Morris, divulgado ontem pela Folha de
S. Paulo, desvendou a estratégia da indústria do fumo para
a América Latina _ e contaminou a imagem da Associação Brasileira
de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
O documento traça como plano disseminar o discurso de que
limitar a propaganda é cercear a liberdade informação _ o
discurso, segundo o texto, deveria ser apresentado pelas associações
de rádio, TVs e agências de propaganda.
Natural que as milionárias contas de cigarro seduzam quem
vive de publicidade, mais preocupado com seu bolso do que
com a saúde pública.
É uma guerra desigual. De um lado, milhões manipulados por
hábeis publicitários, em horário e espaços nobres, atraindo
o consumidor, fazendo-o esquecer que fumar é um gesto que
beira a insanidade, tantas são as estatísticas mostrando a
relação entre cigarro e câncer ou doenças do coração.
De outro, com poucos recursos, gente preocupada em educar
a população, especialmente os jovens.
Coincidência ou não, o discurso da Abert e dos representantes
de publicitários parece seguir à risca a estratégia da Philips
Morris. E, pelo jeito, vai bem: conseguiu postergar a decisão,
no Congresso, que limita a propaganda de cigarros.
Quando entidades ligadas aos meios de comunicação são cercadas
de suspeita de fazer lobby para uma indústria que mata e paralisa,
acabam se aliando, queiram ou não, aos deseducadores, vistos
com desconfianças pela opinião pública.
Eles sabem disso: afinal, ninguém gostaria de ver seu filho
ou neto fumando. E, se for bom pai ou avô, vai tentar demover
aquele vício.
No final das contas, é a própria imagem da imprensa que, indiretamente,
sai arranhada _ e, aí sim, um perigo à liberdade de informação.
|
|
|
Subir
|
|
|