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O país que não lê
27/10/2003
Brasileiros lêem menos de dois livros por ano

Num país de dimensões continentais, os índices de leitura são baixos. O brasileiro não chega a ler dois livros num ano - a média é de 1,8, segundo a Câmara Brasileira do Livro - CBL. A pesquisa, divulgada no mês passado, aponta Brasília como a capital também da leitura no país. Na França, sete obras são devoradas a cada ano.

Para piorar a situação, apenas 30% da população adulta alfabetizada - 26 milhões de brasileiros - leram pelo menos um livro entre junho e agosto deste ano, segundo dados da CBL. Diante desse quadro nada animador, há o que comemorar no Dia Nacional do Livro, no próximo dia 29?

Para o livro nacional, a situação é melhor que para os "estrangeiros". Exemplares tupiniquins dominam 95% das prateleiras do país. A situação é explicável, em grande parte, por conta do mercado de livros didáticos, que responde, sozinho, por mais da metade da circulação de títulos. Livros de literatura - os chamados livros gerais - e obras profissionais somam 22%. Na 22ª Feira do Livro de Brasília, que aconteceu entre 22 e 31 do agosto no Pátio Brasil, a venda de livros de literatura brasileira atingiu 13,9% do total - ficando em segundo lugar.

Segundo Íris Borges, vice-presidente da Câmara do Livro do DF, o grande volume de compra de livros pelo governo dá a impressão de que se lê mais por obrigação que por gosto. Para ela, do total de leitores brasileiros, "a maioria lê por prazer". "Grande parte dos livros comprados é de literatura", continua. Ainda assim, vai-se muito pouco às livrarias, já que o índice de compra de livro por cada adulto alfabetizado no país é de apenas 0,66.

O presidente da Associação Nacional de Livrarias, Jair Canizela, lamenta a pouca ida do brasileiro às livrarias. "É péssimo. Não só comercialmente, mas intelectualmente, a gente gostaria (que a freqüência) fosse maior".

Foi com a intenção de levar mais gente à livraria que Maria Luiza Martins abriu, há cinco anos, o Café com Letras. "A opção por este tipo de projeto é para atrair mais a clientela. Hoje, se você não diversificar, não dá certo". Misto de livraria, café e espaço cultural, o local é conhecido na cidade pelo horário diferenciado de funcionamento - é possível comprar livros até às 2h da madrugada.

Mesmo com opções variadas - oficinas, encontros de poesia, lançamentos de livros e shows, entre outros -, Maria Luiza também sentiu os efeitos da crise. "Esse está sendo o pior ano para o comércio. As vendas caíram em torno de 30, 40%". Mesmo desanimando às vezes, a livreira não abre mão do projeto, que a fez largar o emprego de 25 anos num banco. "As pessoas precisam primeiro comer. Cultura vai ficando lá para o final. A gente precisa inventar coisas para não desistir".



Igo Estrela
Do jornal Correio Braziliense

   
 
 
 

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