Ronda
aérea contra o crime
Antigamente,
nos bairros residenciais da cidade de São Paulo, os
vigias andavam a pé, munidos só de um apito;
a maioria deles nem sequer carregava um revólver. Depois,
armados, passaram a circular em carros com sistemas de comunicação
conectados aos sensores das casas.
Num sinal
de derrota da segurança pública, as empresas
de vigilância sofisticaram ainda mais seus serviços
e já oferecem rondas aéreas -até mesmo
para residências particulares.
"É
um mercado em expansão", aposta Jefferson Simões,
presidente da Federação Nacional das Empresas
de Segurança Privada.
A ronda
de helicópteros começou a ser contratada quase
exclusivamente por bancos, vítimas da ação
de quadrilhas organizadas. A vantagem do sistema é
que, uma vez acionado, permite localizar rapidamente a rota
de fuga dos assaltantes e avisar a polícia. É
quase impossível escapar do campo de visão do
helicóptero.
Entusiasmados
com o serviço, 600 empresários e altos executivos
já decidiram proteger suas casas com a ronda aérea,
dispostos a pagar R$ 130 mensais e mais R$ 700 para a instalação
de um alarme desse tipo.
A pessoa
que deseja mais segurança tem à disposição,
além da ofensiva por ar, a investida terrestre: enviam-se,
ao mesmo tempo, o helicóptero e as viaturas.
O próximo
passo das empresas de ronda aérea -por enquanto, só
três em São Paulo- é ampliar o mercado
e atrair a classe média. A julgar pelo trauma do paulistano,
a meta não é despropositada e corre o risco
de gerar uma espécie de rodízio aéreo:
em determinados horários, as rotas de helicópteros
já estão congestionadas.
Impensável
até há pouco tempo serem vendidos a profissionais
liberais automóveis blindados, então de uso
exclusivo do presidente da República e de uns poucos
governadores. Tais veículos tornaram-se objeto de desejo
de grandes empresários e, depois, de executivos, chegando
à classe média.
Já
são tantos os carros blindados que surge um mercado
de usados: a blindagem vai perdendo valor à medida
que os delinquentes adquirem armas mais modernas. O acesso,
mesmo aos blindados velhos, está distante da maioria
dos brasileiros: um carro nacional, de 1993, vai custar, pelo
menos, R$ 35 mil.
No ar,
helicópteros; em terra, blindados. A cidade mais parece
um campo de batalha
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