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Marcelo Coelho
  25 de agosto
  O voto vândalo
 
   
Todos reclamam do horário eleitoral na TV. Não há quem não diga que aquilo é uma tortura, que desliga o aparelho etc.

Pois bem. Segundo a pesquisa do Ibope, publicada hoje no “Estado”, há empate técnico entre Maluf, Erundina, Tuma e Alckmin. Tuma e Alckmin? Eles não estavam com pouquíssimos pontos nas pesquisas? Foi só começar o horário gratuito --onde os dois têm muito espaço-- para a situação mudar.

Só posso concluir que, embora tanta gente reclame do programa político, o seu peso é decisivo. Ninguém assiste ao programa “a sério” --mas se deixa influenciar.

Nada de muito grave. Que assistam. Será tão pior do que o Ratinho ou “Uga-Uga”? Por que tanta insubordinação diante do horário gratuito se o resto é engolido sem escândalo?

Acho mais complicado o fato de que, no fundo, há dois pesos e duas medidas --uma espécie de hipocrisia-- por parte do “eleitor comum”. Fala mal do programa porque é bonito, ou óbvio, ou esperado, falar mal do programa. Mas, em silêncio, sem que para isso precise dar opinião nenhuma aos entrevistadores, absorve a propaganda televisiva.

Esse mesmo tipo de atitude se revela quando o eleitor rejeita “os políticos” e acusa-os todos de corrupção e bandidagem. “São todos iguais”, “todos pilantras”. Não sei se há pesquisa sobre isso, mas aposto uma caixa de ovos que, de dez pessoas que dizem isso, nove votam nos mais célebres corruptos do município.

Os grandes adversários da CPI na Câmara Municipal, os grandes caciques da base governista --alguém acha que não serão reeleitos? E que votarão neles as pessoas que mais reclamam da corrupção?

Será que esse eleitor é ingênuo, desinformado? Duvido muitíssimo. Não está reelegendo o vereador X por ver nele um paradigma da moralidade. Está votando nele por outras razões, talvez puramente clientelísticas (“fez muito pelo bairro, etc.), mas principalmente está votando nele por espírito de porco.

Explico. “Todos são corruptos mesmo, é isso aí, pô.” E vota no mafioso. É como se, por desespero, quisesse transformar-se de vítima em algoz; identifica-se com “o Mal”, na ingenuidade de não querer parecer ingênuo.

É um pouco a psicologia de quem destrói orelhões ou emporcalha um muro. “É para arrebentar com tudo? Deixa eu arrebentar também.” Talvez seja sua única forma de se vingar dos estragos feitos na cidade, e de sentir um pouco o gosto da participação política democrática: vota no corrupto não por desinformação, mas por vandalismo.


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